Na Antiguidade o trabalho era a atividade dos que perderam a liberdade, significava sofrimento, um fardo. Na bíblia cristã o trabalho aparece como punição devido a prática do Pecado Original, resultando em uma maldição, a maldição de comer o pão com o suor do rosto, conforme gênesis, capítulo 3 e versículo 19.
A origem do termo é o instrumento de tortura romano que substituiu a cruz, chamado tripalium, o trabalhador era o carrasco, tripaliare era torturar usando o tripalium.
Os gregos subverteram a noção de trabalho, que significava para eles ponos (esforço e penalidade) e ergon (criação e obra de arte). Esta explicação grega para o trabalho inspirou a diferenciação entre trabalho manual e intelectual, e também inspirou teóricos antimarxistas que interpretaram o mundo capitalista.
Para André Gorz vivemos em uma sociedade que após o fordismo, sofreu mudanças tão radicais que tornaram incorretas as interpretações da tradição marxista para trabalho e capitalismo. Para ele a sociedade atual é dominada pelo trabalho imaterial e vivemos sob a hegemonia do capitalismo cognitivo, que é superador do capitalismo industrial. Há quem defenda que a emancipação humana somente será possível com a superação do trabalho.
Quem pensa desta forma conceitua trabalho ainda na noção bíblica, mas há outras interpretações sobre o que seria trabalho. A reforma protestante alterou o significado de trabalho, que tornou-se instrumento de salvação e forma de realizar a vontade divina. A tradição marxista foi influenciada por esta noção de trabalho.
Para a tradição marxista o trabalho é a atividade humanizadora do homem, é produção da humanidade do homem, o trabalho diferencia o homem dos outros animais. Graças ao trabalho, inclusive, o homem se fez homem e sobreviveu na história. O trabalho tem uma dimensão pedagógica. A educação pode ser considerada também trabalho, por produzir nos indivíduos a humanidade produzida pelo conjunto dos homens, conforme Dermeval Saviani. Somente o trabalho educativo seria capaz de tornar o homem contemporâneo ao seu tempo. Mas dentro da tradição marxista há também quem considere a simples transformação humana da natureza como trabalho, caça e coleta seriam portanto também trabalho.
Entre os indígenas o trabalho era parte integrante da vida social com festas e cerimonias. Não há desprezo dos indígenas pelo trabalho. Os europeus trouxeram para a América Latina a vontade de controlar também o tempo. As sociedades originais da América Latina não trabalhavam com hora marcada para descanso ou atividades. Então a indiferença indígena ao tempo europeu tornou-se a indiferença ao trabalho e o trabalho imposto pelos europeus tornou-se a destruição dos trabalhadores e do seu espaço geográfico, de seu meio ambiente.
Havia na América Latina, nos seus impérios, entre eles o inca e o asteca, o trabalho como opressão, mas o trabalho era algo não destrutivo, entre os caçadores e as coletadoras.
Na Inglaterra quando surge a propriedade privada, como na América Latina quando os europeus trazem a propriedade privada com as invasões de 1492 e 1500, as antigas tradições, entre elas formas específicas de trabalho, tornaram-se infrações puníveis muitas vezes com pena de morte, ou simbólica, cultural, ou mesmo física.
Na Inglaterra a LEI NEGRA legalizava a pena de morte para a infração trabalho, legalizando o roubo de terras, sob a forma parlamentar de roubo. Foi o início do capitalismo. De acordo com a CONVENÇÃO AMERICANA SOBRE OS DIREITOS HUMANOS de 1969, o artigo 6: NINGUÉM DEVE SER CONSTRANGIDO A EXECUTAR TRABALHO FORÇADO OU OBRIGATÓRIO
No capitalismo não há existência sem trabalho remunerado para a maioria das populações no globo!
A LEI ÁUREA de 1888 é a lei trabalhista de maior importância da história dos ordenamentos jurídicos brasileiros!
O trabalho teve até agora quatro fases:
PRIMEIRA
Trabalho surge para obtenção de alimentos
SEGUNDA
Trabalho para fabricação de armas para defesa contra animais irracionais e animais racionais
TERCEIRA
Em vez de matar os inimigos, eles são escravizados para as elites gozarem de seu trabalho.
QUARTA
A partir da apropriação do solo, através do roubo, aparecimento de ricos e pobres, e o trabalho sofre com isso transformações, como a noção positiva, inclusive bíblica, usando outros trechos da bíblia além da punição ao pecado original.
Áudio e Vídeo
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Rafael da Silva Freitas: Nasceu no dia 29 de dezembro de 1982 em Santa Maria, RS. Historiador. Membro Permanente e fundador do Grupo de Estudos Americanista Cipriano Barata. Produtor e radialista do programa "História em Pauta" na web rádio La Integracion. Colunista no Jornal de Viamão.
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