"Ai de quem discordar desses julgamentos infalíveis, dessas conclusões absolutas, dessa sabedoria que não tem limites, que não se engana, que não falha. Seus amigos são os que aceitam tais opiniões e conclusões, os que as acompanham, elogiam e citam freqüentemente. Seus inimigos são os incautos que, duvidando dessa infalibilidade não dogmatizada, arriscam-se a ter outras opiniões, a tirar do quadro histórico, do quadro econômico, do quadro social outras conclusões. São os que recusam acreditar que a ciência tenha parado naquele ponto ou que tenha sido monopolizada por algum privilegiado cérebro. Passíveis de sanção desses novos Josué, que cuidam ter detido a marcha dos conhecimentos, em proveito próprio, arrostam os vetos inflexíveis desses novos proprietários dos latifúndios da arte literária ou das ciências do homem, aqueles que acham ser o que fizeram a última palavra, e os que, tendo estudado alguma coisa, pensam ser já dispensável que outros a estudem." (SODRÉ, 1990, p. 106)
Nelson Werneck Sodré
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