Introdução ao fascismo (resenha)





Nome: Introdução ao fascismo
Autor: Leandro Konder
Editora: Expressão Popular
Ano: 2009


Resenha 

Durante a fase da história econômica geral de implantação do capitalismo monopolista de Estado, marcada por crescente concentração de capitais, e políticas com conteúdo social conservador, um discurso radicalmente pragmático e pós moderno tem início. Os conservadores passam a ler Marx e a estudar o socialismo, auxiliados por desertores do movimento socialista mundial. Em uma análise através do competente uso do materialismo histórico e dialético do fenômeno fascista, como uma tendência na fase imperialista do capitalismo, Leandro Konder elabora o livro “Introdução ao fascismo” em 1970, enquanto esteve exilado na Alemanha. 

Sete anos depois o livro é publicado pela primeira vez, e em 2009, pela coleção “Assim lutam os povos” da editora Expressão Popular, a obra obteve a sua segunda edição. A orelha do livro sugere tratar-se de uma publicação direcionada aos militantes políticos, mas arrisco afirmar, devido a sua simplicidade na escrita e seu tom didático, é válido a qualquer pessoa em busca de conhecimento conceitual, sobre o fascismo que nos ronda dia a dia, em um e outro elemento. A apresentação de Mauro Luis Iasi, intitulada “Nosso guia na floresta de papel: o artíficie da palavra clara”, faz uma aprofundada análise das ideias presentes no livro e contextualiza eficazmente o momento em que a escrita foi realizada. 

“Introdução ao fascismo” divide-se nas seguintes partes: “O conceito de fascismo”, “Como o fascismo ‘clássico’ foi interpretado em sua época”, “A discussão sobre o fascismo depois da morte de Hitler e Mussolini” e “Conclusão: a situação atual das controvérsias em torno do fascismo”. O fascismo é considerado um dos fenômenos políticos mais significativos do século XX, e o autor chama a atenção que nem todo movimento reacionário é fascista. Não faz, realmente sentido científico, afirmar que a Santa inquisição e “a monstruosa conquista do Perú pelos espanhóis” (KONDER, 2009, p. 25) foram movimentos levados a cabo por Estados fascistas. Afinal, o fascismo é algo específico da fase imperialista do Estado capitalista. 

O fascismo clássico, de Hitler e de Mussolini, são irracionalistas, pragmáticos, em termos ideológicos. Daí uma das causas da confusão comum em nossos dias de arbitrariamente igualizar Stalin e Hitler. Se nesta época retratada por Konder, os socialistas apimentavam as ideias dos fascistas, hoje os conservadores temperam o anti comunismo de esquerda. 

O livro é bastante atual ainda, pois vivemos em um momento político agitado. A bússola dialética de Konder o leva a uma curiosa conclusão, de que o fascismo clássico tecnicamente é favorável para a passagem do capitalismo ao socialismo. No Brasil, a forma fascista de Estado resultou na morte do ex presidente Getúlio Vargas. Mas o resultado foi outro, com o Estado diminuindo.




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Sobre o Autor:
Rafael Freitas
Rafael da Silva Freitas: Nasceu no dia 29 de dezembro de 1982 em Santa Maria, RS. Historiador. Membro Permanente e fundador do Grupo de Estudos Americanista Cipriano Barata. Produtor e radialista do programa "História em Pauta" na rádio comunitária A Voz do Morro. Colunista no Jornal de Viamão.

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