A burguesia brasileira (citação)

"Os salários eram muito baixos e, por sinal, segundo dados do Censo de 1920, situavam-se em São Paulo em nível inferior ao do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul, o que acrescentava mais uma vantagem para os industriais paulistas. A jornada de trabalho habitual se estendia de onze a doze horas e as condições higiênicas e de segurança, dentro das fábricas, só podem ser caracterizadas como calamitosas. Na indústria têxtil, em particular, o proletariado era constituído, em sua maioria, por mulheres e crianças. Segundo testemunho insuspeito do começo do século XX, a idade mínima para o trabalho era de ... cinco anos! Numa das fábricas de Matarazzo, foram encontradas máquinas de proporções apropriadas ao manejo infantil. Pior ainda: os menores viam-se forçados a horários noturnos de onze horas e, com freqüência, sofriam espancamentos dentro das fábricas. Não havia descanso semanal remunerado, férias remuneradas, seguro contra acidentes, previdência social, nada, enfim, que impusesse algum limite legal à taxa de exploração da força de trabalho." (GORENDER, 1988, p. 48)


Jacob Gorender



Um comentário:

  1. Isto é uma prova de que o ser humano no poder precisa de limites e os demais precisam de liberdade para lutar por seus direitos. Destas duas necessidades brotou a evolução político-econômica das democracias liberais e a construção das sociedades mais livres e prósperas em toda a história da humanidade. E que fique claro: estamos falando em riqueza e qualidade de vida para as camadas mais pobres da sociedade. Deveria ser desnecessário lembrar que o trabalho infantil era a regra em todas as sociedades pré-capitalistas, em todos os continentes.

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