Guerra de Arauco (Verbete)

No dia 11 de setembro de 1541 indígenas sublevaram-se, aproveitando a ausência do conquistador espanhol Pedro de Valdivia, que havia marchado com noventa soldados para aplacar uma insurreição indígena no sul. Foi na madrugada, na cidade de Santiago, no Chile. O combate durou um dia, chegando no auge quando Inês Suárez, amante de Valdivia e única mulher em combate decide decepar os sete caciques que estavam presos. As cabeças foram jogadas nos insurgentes araucanos, provocando espanto e ódio. A batalha teve seu fim, com a cidade incendiada. Foi um dos conflitos armados entre os povos originários da América e os invasores espanhóis. Também foi o início da Guerra de Arauco, que terminou em 1881. Foram cerca de três séculos de guerra, que custou mais caro que a conquista da América. Entre 1603 e 1674, estima-se que morreram mais de 42000 espanhóis. Foi uma das guerras mais longas da História Universal. Conforme Luis Vitale, “En la península ibérica, Chile era conocido como "el cementerio de los españoles".”

Rebelião Huiliche de 1792

Diversos indígenas formaram uma confederação chamada Vutanmapu. Não foram somente os araucanos que rebelaram-se contra o governo colonial. Já que em 1598 e 1655, milhares de indígenas do sul, os huiliches, levantaram-se contra a exploração agrícola e mineira. Os encomenderos e os conquistadores, representantes da potência colonizadora, foram pegos de surpresa por um povo unido e atuante. As vitórias do Jovem Libertador Lautaro inspiraram os indígenas do sul a promoverem seguidas insurgências. 

Em 1561, os indígenas mataram encomenderos e espanhóis, depois se uniram as forças libertadoras de Lautaro. Os araucanos funcionaram como uma vanguarda que organizava diversas rebeliões que aconteciam contra a exploração do trabalho, tudo isso foi a Guerra de Arauco ou Guerra Vieja. Se sufocava um ponto de levante armado e aparecia outro, com ramificações por todo o Chile. Um fato de destaque foi a grande rebelião de 1655, quando indígenas de diversas encomendas atacaram centenas de fazendas, expropriando o sagrado ouro e muitas cabeças de gado, mataram seus amos encomenderos e se somaram ao Exército Libertador araucano. Sessenta espanhóis chegaram a reforçar o exército araucano. Em 1599 o sargento Garcia López Valerio passou para as forças indígenas, arrastando junto dez soldados espanhois e nove criollos do Perú. Mestiços se incorporavam, chegando a liderar grupos guerrilheiros. O principal deles foi Alejo que tornou-se um gênio militar, derrotando vários exércitos europeus.

Durante a Guerra de Arauco aconteceu a aprovação pelo rei espanhol da escravização no Chile, de indígenas beligerantes, em 1608. Houve, em conseqüência, uma caçada humana em busca de força de trabalho. Os yanaconas, serviçais dos colonizadores, tinham passado para o lado dos araucanos. O episódio foi militar e econômico, com um grave e preocupante boicote a produção de metais usados no sistema mercantilista pelos metropolitanos. Mostrando, além disso, uma consciência e organização política na América Original.

Tríptico de "El joven Lautaro" de Pedro Subercaseaux

1553 foi quando Pedro de Valdivia obteve sua última derrota na Batalha de Tucapel. Lautaro, orientado pelos araucanos, espionava os espanhóis, pois havia sido capturado e ganhado a confiança do conquistador espanhol Valdivia. Foi batizado como Alonso, sendo também conhecido como Felipe. Com vinte anos, fugiu com dois cavalos. Retornou com seis mil guerrilheiros araucanos e em uma brilhante vitória, não restou um único espanhol vivo, nem Valdivia. Quatro anos depois Lautaro, enquanto dormia era assassinado. Mas a Guerra continuou. 

Os mapuche, chamados de araucanos pelos espanhóis, continuaram a sua trajetória de viverem sem pagar tributos a um estado, e durante a Guerra, somente, foram desenvolvendo uma organização social dividida em classes sociais. Resistiram às invasões incaicas, e fizeram o mesmo contra as invasões dos europeus.



Áudio e Vídeo




Sobre o Autor:
Rafael Freitas
Rafael da Silva Freitas: Nasceu no dia 29 de dezembro de 1982 em Santa Maria, RS. Historiador. Membro Permanente e fundador do Grupo de Estudos Americanista Cipriano Barata. Produtor e radialista do programa "História em Pauta" na web rádio La Integracion. Colunista no Jornal de Viamão.

2 comentários:

  1. Não conhecia. Obrigado. Mas o sotaque marxista atrapalha um pouco.O trecho "O episódio foi militar e econômico, com um grave e preocupante boicote a produção de metais usados no sistema mercantilista pelos metropolitanos. Mostrando, além disso, uma consciência e organização política na América Original", por exemplo me pareceu mais de torcida que análise, coisa que deve ser evitada por um historiador. Abraço.

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  2. Gracias, Paulo Falcão, pelo comentário e pela leitura. O texto, de minha autoria, foi limitado pelas minhas leituras sobre a Guerra de Arauco, segue o link de minha principal fonte http://pt.slideshare.net/dinarico/vitale-luis-interpretacin-marxista-de-la-historia-de-chile-iv176. Abraço.

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