Carta - Convite para construção e participação do 3° Encontro dos de Baixo/2016.


O Encontro dos de Baixo é um espaço construído coletivamente, de forma auto-gestionada, por movimentos populares, coletivos de Porto Alegre e do interior do estado que visa à unidade entre a militância de base dos setores combativos, a fim de apontar um calendário unificado de lutas e mobilizações no decorrer do próximo período. Para garantir uma maior articulação de nossas demandas, nesta conjuntura de golpe em nossos direitos, precisamos nos organizar como Frente dos Oprimidos e, com isso, intensificar as lutas independentes, de baixo pra cima e nunca ao contrário.

O primeiro Encontro foi realizado em junho de 2013 em meio às grandes mobilizações e à criminalização dos que lutaram. O segundo Encontro foi realizado em janeiro de 2014 na crescente resistência contra o megaevento da Copa do Mundo. Ambos os encontros contaram com participação de muitos coletivos e movimentos. Os encontros tiveram um número de mais de 50 organizações participantes, centenas de pessoas das mais variadas lutas que se encontraram para compartilhar e afinar suas peleias. É neste sentido que convidamos o seu movimento, coletivo, frente de luta para se somar com a gente nesta caminhada.


São tempos de resistência, são tempos de forjar a rebeldia que não se ajusta às normas deste injusto sistema!

São tempos difíceis para nós, os "de baixo", não só no Brasil, mas em toda América Latina. Nós somos aqueles e aquelas que precisam lutar pela sobrevivência diária e conquistar melhores condições para viver, morar, estudar e trabalhar. Há décadas que vivemos espremidos entre governos neoliberais e governos ditos "Populares", sem a mínima possibilidade de tomar parte das decisões que afetam nossas vidas. E agora, nos últimos meses em que Michel Temer (PMDB) assumiu o governo do país através de um golpe parlamentar-institucional, um horizonte de profundos ataques aos direitos políticos e sociais dos de baixo se apresenta. Por mais de uma década, o PT e o PMDB governaram e atacaram juntos, as classes oprimidas. Agora, o PT é descartado para que as direitas mais tradicionais possam governar sozinhas.

Frente ao corte de direitos feito pelos de cima, aos de baixo resta lutar e se organizar. Desde 2013, e antes mesmo, muitas mobilizações vêm despontando nacionalmente e forjando referências importantes para os e as lutadoras sociais. Processos de mobilização que surgem desde baixo, que usam a ação direta popular como ferramenta e, que rechaçam a tentativa descontrole por parte das burocracias, criando formas organizativas que ampliam a participação de base e aumentam os níveis de decisão direta de todos e todas que lutam. São os conflitos nos canteiros de obras de Belo Monte, a resistência encarniçada dos povos quilombolas e indígenas em defesa de seus territórios, as massivas marchas de rua por um transporte 100% público, as greves de base dos trabalhadores em educação em várias capitais contra a precarização dos salários e da carreira, a greve dos garis no RJ, as ocupações das escolas em rechaço à privatização da educação e por condições dignas de estudo, as grandes ocupações por moradia e terra, entre tantos outros. Mobilizações que foram e são exemplo de como os de baixo podem lutar contra os de cima sem que nossas lutas sejam apropriadas pelos politiqueiros e parasitas de sempre.

Lutas e mobilizações que, embora ocorram em diferentes categorias e setores da sociedade, têm pelo menos dois pontos em comum: 1. O descontentamento com as condições de vida precárias que estamos vivendo; e 2. Formas anti-burocráticas de fazer a luta e de se organizar enquanto povo. Esses dois pontos podem apontar para uma saída coletiva para os oprimidos. Uma saída que, em nossa opinião, vem por baixo, por esquerda e por fora das eleições burguesas. Pois os problemas mais sentidos, aquelas urgências de difícil resolução, não cabem nas urnas e na política parlamentar dos de cima, mas na nossa organização de base enquanto trabalhadoras e trabalhadores, moradores de periferia, negros e negras, indígenas, enquanto povo que reivindicamos nossa diversidade de gênero e orientação sexual. Organização que acumule forças nas lutas do dia a dia, que construa laços de solidariedade e que também construa um projeto de vida e de organização social que coloque em xeque a organização dos de cima que historicamente nos oprime.

Para isso, precisamos de união e de coordenação! Somos militantes de base e o ponto de partida para nossa atuação é o lugar em que estudamos, trabalhamos e vivemos. Só que não queremos pensar só no nosso “quintal de casa” e, por isso, é que acreditamos no Encontro e na União dos diversos territórios, frentes e sujeitos de luta, para debater e coordenar esforços, pra fazer resistência à conjuntura de ataques. Não apenas resistir, mas criar terreno e condições para avançar! Esse Encontro dos de Baixo é, por isso, um momento importante, mesmo não sendo o único de todo esse processo. Nosso esforço é para que esse Encontro reúna, agregue, discuta, mobilize e oriente para a ação. E que seja mais um “grão de areia” pra fortalecer o campo classista, combativo e por fora das urnas!

Nossos objetivos e princípios para este encontro são:


1) Solidariedade, Independência de classe e ação direta popular.

2) Organização de baixo pra cima, unidos com federalismo e democracia de base.

3) Encontro de coletivos e organizações de base e não frente suprapartidária de organizações e partidos de esquerda.

4) Agrupar no Encontro por Grupos de Discussão (GD’s) por microrregiões ou zonas para se articular pra atividades, lutas e outras iniciativas em conjunto;

5) Expressão pública com identidade nos DE BAIXO e nos seus coletivos e agrupações, sem anular a liberdade de propaganda de ideias.

6) Combate a todas as formas de opressão étnico-racial, de gênero e sexualidade.


Local do Encontro: Escola Municipal de E.F. Porto Alegre (EPA) - Rua Washington Luiz, 203 - Centro, Porto Alegre - RS

Programação

Primeiro dia – 17 de Setembro

10h - Mesa de abertura e diálogo com os coletivos presentes: Outra Campanha Explicação da metodologia / Relatoria em cada grupo.

12h 30min - Intervalo: Almoço

14h - Grupos Zonais (seis grupos: Interior, região metropolitana, zona sul, zona leste, zona norte e centro).
Organização por região a fim de debater especificidades, refletir sobre conjuntura e possibilidades de articulação com outras organizações não contempladas nas regiões, ações de solidariedade. Discussão dos temas em cada região: Educação/organização estudantil, sindicatos, comunidade, gênero, negrxs, indígenas, cultura, comunicação, direitos humanos, guerra às drogas. Levantamento de demandas.

17h - Intervalo

17h 30min - Oficinas culturais e demais propostas

19h 30 - Atividade cultural

Segundo dia – 18 de setembro

10h - Grupos Zonais – Encaminhamento de articulação por zonais a partir das temáticas discutidas no dia anterior. Pensar estratégias de ação por zonas e em conjunto com outras regiões a partir da discussão das demandas elencadas no dia anterior.

12h 30min – Intervalo: Almoço

14h – Plenária Final/Agenda de ações por Outra Campanha.

19h – Confraternização – final do Encontro.


Orientações para melhor participação no Encontro:

- Confirmar com antecedência a participação e se é necessária hospedagem solidária. Também é importante dizer quantas crianças virão e as idades.

-Trazer utensílios para o almoço (prato, talheres, caneca). 

-Trazer suas bandeiras, faixas, cartazes para ornamentação do espaço, com a diversidade de nossos grupos e coletivos. 

-Pelo Encontro faremos vendas de lanches para arrecadação de finanças, mas se você tiver uma banquinha independente ou de seu movimento, pode levar, apenas vamos contar com um valor de colaboração para o caixa coletivo. 

-Não será permitida a propaganda eleitoreira dentro do espaço, por motivos óbvios.

Links com histórico dos Encontros e matéria sobre:


Porto Alegre, agosto de 2016
Comissão organizadora

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