A revolução gorada do Movimento Tenentista


Texto publicado originalmente no Jornal de Viamão (http://www.jornaldeviamao.com.br/) e disponível em http://coluna-do-rafael-freitas.blogspot.com.br/search/label/16%20-%20A%20revolu%C3%A7%C3%A3o%20gorada%20do%20Movimento%20Tenentista



Nossas duas primeiras repúblicas foram marcadas por duas guerras mundiais, e em parte, entraram em crise devido a elas. Como assim? A mais velha república sofreu surtos industriais, responsáveis pela formação de uma nova classe social que se organizava e incomodava os policiais. Fundava partidos de classe, fazia greves gerais. Mas não estava sozinha em sua insatisfação, já que somente as oligarquias de São Paulo e Minas Gerais podiam governar o Brasil. Nos anos finais da mais primitiva república, até a grande mídia apoiou o Movimento Tenentista em sua luta armada pelo voto aberto e pelo fim da corrupção eleitoral. Luiz Carlos Prestes, que ainda não era comunista foi apelidado de Cavaleiro da Esperança e virou um mito. O outro Prestes, o paulista Julio Prestes, foi indicado pelo historiador, mas também paulista, Washington Luís Pereira de Sousa para ocupar o Palácio do Catete. Então pode-se concluir que o Café com Leite passou a chamar-se Revolução de 30, pois foi uma união de Rio Grande do Sul, com Paraíba e Minas Gerais, que permitiu a tomada do poder por Getúlio Vargas. Assim, Gegê de membro do governo de Washington Luis, tornou-se um governante provisório. Iniciava a nossa segunda república.


Ernesto Geisel ao lado de Getúlio Vargas em 1940

O Velho do Retrato tornou-se presidente dos Estados Unidos do Brasil sem ter sido eleito, sem obedecer a legislação, portanto foi golpe. A Era Vargas foi um período golpista de nossa História, reproduzindo neste sentido o Café com Leite. Graciliano Ramos afirmava, por exemplo, que os navios brasileiros não foram torpedeados pelos alemães, teria sido um outro Cohen o motivo de nossa entrada na Segunda Guerra Mundial. Após este episódio, Vargas colocou o Brasil no conflito bélico, contra os países do Eixo, todos eles com governos autoritários, como o dele. E, além disso, feriu a sua política externa independente, que era apenas aparente, através de acordos desiguais com os Estados Unidos da América. 

O Plano Cohen que foi um documento falsificado pelo governo para justificar medidas autoritárias, como a criação da Comissão Nacional de Repressão ao Comunismo e a Lei de Segurança Nacional, bem como torturas, perseguições e censuras. No exército o modelo francês foi substituído pelo paradigma alemão, quando passou a existir uma triagem racial, social e política para as promoções de oficiais. Estes governos trabalhistas não podem ser reduzidos as suas componentes fascistas, mas lançaram as bases para poucas décadas depois ocorrer o primeiro de abril de 1964. O trabalhismo de João Goulart sofreu um golpe que o trabalhismo na Era Vargas ajudou a implementar. Como hoje ocorre durante a outra era, que está completando treze anos de existência.

A conjuntura política brasileira nos mostra que a principal pauta tenentista, de moralização de nossos costumes políticos ainda não foi atendida. Desde a República Velha até agora, quando está no poder quem foi eleito por voto secreto, pois o PT e o PMDB entraram em campanha juntos e governaram juntos. Afinal, quem votou em Dilma Vana Rousseff, votou em seu vice, o professor Michel Temer. E em 2011 dizia Dilma Roussef: "Ah, se todos tivessem um vice como o meu...”. Dias atrás o principal líder do Partido dos Trabalhadores ajudou a eleger como presidente da Câmara o deputado democrata Roberto Maia, e mais uma vez um governo do Brasil sofreu um golpe que ajudou a efetivar. O que poucos reconhecem é que no acorde do governo ilegítimo de Temer está a nota do petismo e da sua governabilidade. Uma música, no mínimo, desagradável. Mas se aconteceram programas de assistência social e transferência de renda é também correto reconhecer que nós tivemos a Carta aos Brasileiros e o Programa de Investimento em Logística, entre diversas outras medidas. Continuamos tendo na política conchavos, fisiologismo, trocas de favores. Deu zica na revolução dos tenentes.

Sobre o Autor:
Rafael Freitas
Rafael da Silva Freitas: Nasceu no dia 29 de dezembro de 1982 em Santa Maria, RS. Historiador. Membro Permanente e fundador do Grupo de Estudos Americanista Cipriano Barata. Produtor e radialista do programa "História em Pauta" na rádio A Voz do Morro. Colunista no Jornal de Viamão.

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