A Industrialização dos Estados Unidos

Industrialização americana

Por volta da década de 1850, os Estados Unidos já desenvolviam atividades industriais na região conhecida como Manufacturing Belt (cinturão da manufatura), no Nordeste do país. As primeiras indústrias produziam tecidos e máquinas agrícolas – graças a muitos trabalhadores ingleses imigrantes que traziam na memória ou em projetos roubados como funcionavam as máquinas criadas no período inicial da revolução industrial, na Europa.

Após a Guerra Civil (1861-1865), o poder político se concentrou nas mãos dos industriais do norte. A escravidão terminou no sul, mas a segregação levou a situações de grande violência e racismo[1]. As indústrias do país se desenvolveram graças a alguns fatores, como: a) elevação de barreiras alfandegárias, que restringiam as importações e exportações, protegendo o mercado interno de produtos estrangeiros; b) Grande quantidade de jazidas de minério de ferro e carvão na região dos Grandes Lagos; c) A expansão das ferrovias que ligavam as regiões produtoras de matérias-primas às principais cidades industriais, além de facilitar no transporte de mercadorias e pessoas; d) A chegada de muitos imigrantes europeus, que proporcionavam mão de obra barata e muitas vezes qualificada; e) a formação de monopólios, a partir da década de 1890, como do petróleo (Standard Oil de John Rockfeller), do aço (Andrew Carnegie dono da Companhia de Aço Carnegie) e das finanças (J. P. Morgan dos bancos JP Morgan Chase Bank, que em 1901 comprou a Companhia Carnegie e fundou a U.S. Steel – maior companhia siderúrgica do mundo). 

Enquanto a indústria crescia e se desenvolvia, a situação da classe trabalhadora não era a melhor. O movimento operário dos Estados Unidos começou a se organizar muito cedo em sindicatos e partidos. Em 1876 foi criado o Socialist Labour Party of America (Partido Socialista Trabalhista da América) que conseguiu organizar muitas greves nas grandes cidades industriais do país e teve como figura de destaque Daniel de Leon. O movimento socialista cresceu e acabou se dividindo. Em 1901, foi criado o Socialist Party of America (Partido Socialista da América) de Eugene Debs. Este partido foi o primeiro a introduzir o marxismo como um adendo ao programa político.
Em 1905, foi criado o sindicato International Workers of World (IWW – chamado de wobblies). O wobblies reuniu socialistas radicais, imigrantes, mulheres e negros (uma grande inovação no movimento operário). Na cidade de Chicago, onde foi fundado, o IWW organizou com sucesso muitas greves nas décadas de 1910 e 1920.

A influência da Revolução Russa fez com que alguns socialistas criassem, no ano de 1919, o Partido Comunista dos Estados Unidos (CPUSA).

Toda essa mobilização dos trabalhadores urbanos e rurais (que viviam reféns dos bancos) deu origem ao período conhecido como “Era Progressista” - que durou de 1900 até 1920. Neste período, o governo federal tentou conter o poder cada vez maior dos monopólios e trustes (a Lei Sherman anti-truste de 1890 foi ampliada pelo Ato Clayton de 1914). 
Uma legislação trabalhista mais complexa, porém, só surgiria nos anos 1930, com a política do New Deal.

Mulheres na industria

Após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), novas indústrias surgiram nas regiões Sul e Oeste do país. Nos anos 1950-1960, essas indústrias desenvolviam tecnologias, como informática, microeletrônica, biotecnologia e aerospacial. Essas novas regiões industriais ficaram conhecidas como Sun Belt.

Ainda assim, o Manufacturing Belt mantinha os centros dinâmicos de indústrias de base, como siderúrgicas, e automobilística, com destaque para Detroit, sede das gigantes do automobilismo Ford Motor Company (fundada em 1903) e General Motors (fundada em 1908).

A partir dos anos 1980, a implantação do modelo neoliberal, e sua frenética financeirização que joga grandes volumes de capital na especulação e não na produção, mudou a fisionomia econômica do Manufacturing Belt. As grandes empresas já não produziam tanto, milhares de trabalhadores ficaram desempregados (também devido à crescente tecnologia aplicada aos processos produtivos). Leis trabalhistas foram “flexibilizadas”. As grandes indústrias se tornaram plantas fantasmas, enferrujadas com o abandono e desuso. Essa imagem mudou o nome da região para Rust Belt (cinturão da ferrugem).

Na costa leste dos Estados Unidos a industrialização cresceu na região do Vale do Silício, na Califórnia, onde se encontram as principais empresas de eletrônica e informática – na região do Sun Belt. Lá estão as sedes da Google, Facebook e Apple.

A agropecuária dos Estados Unidos, dividida no sistema de cinturões (belts), também depende da indústria. A mecanização da produção é alta. Grandes empresas multinacionais produzem insumos agrícolas, tais como máquinas (Massey Ferguson, McCormick), adubos e fertilizantes (Monsanto, Cargill, Du Pont/Dow).



REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Lúcia Marina Alves de; RIGOLIN, Tércio Barbosa. Fronteiras da globalização. São
Paulo: Ática, 2013.

CHANG, Ha-Joon. Chutando a escada: a estratégia do desenvolvimento em perspectiva histórica.
São Paulo: Editora UNESP, 2004.

LIMONIC, Flávio. Os inventores do New Deal: Estados e sindicatos no combate à Grande
Depressão. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009.
WEST, James. Uma breve história dos Estados Unidos. Porto Alegre: L&PM, 2016.

Notas:

[1 ]Para saber mais acesse: http://geaciprianobarata.blogspot.com/2017/03/jump-jim-crow-reconstrucao-e.html


Sobre o Autor:
Fábio Melo
Fábio Melo: Membro Permanente e fundador do Grupo de Estudos Americanista Cipriano Barata. Pesquisa sobre História Social da América e Educação na América (América Latina e Estados Unidos). Produtor e radialista do programa "História em Pauta" na rádio A Voz do Morro. Tem diversos textos escritos sobre educação, cultura e política. 


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