Se convencionou chamar de “incas” dois povos, os aimarás e quéchuas, que antigamente viviam (e muitos ainda vivem) nas regiões que hoje são os países andinos Peru, Bolívia e Equador.
Os quéchuas, se expandiram por volta do século XIII, conquistando outros povos próximos, como os aimarás e chimus. Ao longo dos séculos de conquista, a religião e a mitologia desses povos ganhou características em comum, compartilhada por eles.
A força primordial da mitologia inca é Viracocha (ou Wiracocha; Wiakutra em quéchua). Viracocha é o “mestre do mundo”. Criou os três mundos em que o universo é dividido: Hanan Pacha (mundo celestial, onde habitam os deuses), Kay Pacha (mundo terreno, onde vivem os humanos e os animais; ou seja, a Terra) e Ukhu Pacha (o mundo dos mortos). Viracocha é uma divindade que não possuí sexo; embora muitas vezes seja retratada como masculina (principalmente depois da colonização).
Viracocha tinha uma companheira chamada Mama Cocha, deusa das águas. Da união de Viracocha e Mama Cocha nasceram Apu Inti, o deus sol (a mais importante divindade inca), e Mama Quilla, mãe lua. Os irmãos Inti e Quilla tiveram dois filhos enviados para a terra: Manco Capac e Mama Ocllo. Manco Capac é o lendário primeiro inca, que teria governado entre 1200 e 1230. Também era filho de Inti e Quilla uma divindade chamada Kon (ou Wakon), que representava as chuvas e que criou a primeira geração de humanos.
As divindades femininas desempenham um papel muito importante na mitologia inca. Como é o caso das “Quatro mães elementais”: Mama Cocha (água), Mama Nina (fogo), Pachamama (terra) e Mama Waira (ar).
No submundo (Ukhu Pacha) governa Supay, o deus dos mortos, que foi considerado o diabo pelos colonizadores europeus; embora na mitologia inca, Supay não tem necessariamente uma essencial maligna, podendo ser tanto bom como mal.
Os deuses tinham um lugar sagrado de culto, chamados de Huacas. Alguns desses huacas eram confundidos com divindades locais. O sítio arqueológico de Huaca Pucllana, localizado perto de Lima, no Peru, mostra toda importância que os incas davam a estes lugares.
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A mitologia inca não é restrita apenas a estes deuses e deusas. Existem muitas outras divindades e mitos que compõe esta fascinante e rica mitologia de um dos povos originais de nossa América. Esse breve texto não pretende esgotar ou contar toda a mitologia inca, pois esse esforço demandaria um livro com centenas de páginas. A intenção aqui é apenas situar alguns mitos primordiais e divindades mais importantes.
Fábio Melo: Historiador. Membro Permanente e fundador do Grupo de Estudos Americanista Cipriano Barata (GEACB). Pesquisa sobre História Social da América e Educação. Produtor e radialista do programa "História em Pauta", que já passou por rádios comunitárias de Porto Alegre e Alvorada. Professor de História e Geografia. Tem diversos textos escritos sobre educação, cultura e política.
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