Mobilizações ignoradas de recenseadores e controladores

Os próximos dias trarão novos fatos envolvendo trabalhadores, no Brasil e no mundo.

A realidade da classe trabalhadora passa por exploração, lutas políticas e também desprezo. Enquanto o interesse por quem gosta de assuntos políticos, está reduzido às eleições para presidente (a), governador (a), deputado (a) estadual, deputado (a) federal e senador (a); no mundo todo os trabalhadores estão avançando na sua organização e pressionando os patrões.

Setembro iniciou com paralisação e protestos de trabalhadores  precarizados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Depois de inúmeras tentativas de negociação, a exemplo da divulgação pela União dos Recenseadores de Salvador de uma carta aberta para o presidente nacional da autarquia, em diversas capitais e cidades menores, recenseadores cruzaram os braços e fizeram manifestações.

AS CONDIÇÕES DE TRABALHO DOS RECENSEADORES

Entre as dificuldades enfrentadas pelos recensadores estão os atrasos de pagamentos, a falta de clareza com relação às remunerações, os treinamentos insuficientes, a falta de segurança em razão de problemas no trabalho, como assaltos, ameaças, assédio sexual, racismo e recusa da população em responder as perguntas do Censo 2022.

A pesquisa do IBGE iniciou neste ano, portanto com dois anos de atraso, sendo que mais de seis mil trabalhadores solicitaram exoneração, e os que permanecem estão sobrecarregados. Sobram razões para as imensas dificuldades do Instituto para recrutar novos trabalhadores, devido ao corte pelo governo federal de 90% de sua verba.

CONTROLADORES NA FRANÇA

Em 16 de setembro, na França, o Sindicato Nacional dos Controladores de Tráfego Aéreo organizou um dia de paralisação. A mobilização é antiga, envolvendo diversas categorias e sindicatos, todos ligados aos aeroportos.

Cruzando os braços durante um dia, os trabalhadores conseguiram fazer as companhias aéreas cancelarem cerca de mil vôos. Os empresários sentiram na pele a conseqüência para tamanho descaso com os trabalhadores, chegando a expor na imprensa que  o movimento paredista é “injustificável”.

As justificativas desconsideradas pelos donos das companhias aéreas, estão nas reivindicações dos paredistas: melhorias salariais em razão da alta inflação do pós pandemia de COVID-19, novas contratações devido a falta de funcionários e progressos nas condições de trabalho. Como não houve avanços em termos de negociação, os trabalhadores organizados em seu sindicato anunciaram novos dias de paralisações, nos dias 28, 29 e 30 de setembro.

OLHAR ATENTO PARA OS RECENSEADORES E CONTROLADORES

Em setembro, há um processo de mobilização. E processo é uma continuidade, os próximos dias trarão novos fatos envolvendo trabalhadores, no Brasil e no mundo. A realidade é construída também por quem vende seu trabalho recebendo salários de fome, em luta coletiva, organizada e anônima. À vista disso, alerta para os recenseadores e controladores.

Sobre o autor:

Rafael Freitas: Membro fundador e permanente do Grupo de Estudos Americanista Cipriano Barata, coletivo de professores voltado para a produção de conhecimento e socialização da História das Américas. Educador Popular, com histórico de fundação e coordenação de cursinhos comunitários, preparatórios para vestibulares e ENEM. Coordenador das bibliotecas populares Luis Carlos Solim e Alceu Barra. Participação com artigos e produção de fontes primárias de pesquisa utilizando a metodologia de História Oral em livros sobre História de Alvorada, Viamão e Gravataí, bem como no livro “Alvorada tradicionalista”. Graduado em licenciatura plena em História na FAPA (Faculdades Porto-Alegrenses), desde 2014. Professor de História da Rede de Ensino Mauá. Colunista do site de notícias Seu Expediente (seuexpediente.com.br) e do jornal O Alvoradense (oalvoradense.com.br).

 

 

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