“Sobriedade e coragem, ele insiste
(repetindo Carlos Fonseca), são as características desta Revolução e da junta que a dirige. Junta, ele ressalta, não significa uma ditadura militar; o
dicionário diz simplesmente que é um ‘grupo’. A Revolução está sendo dirigida
por um grupo- não há um ditador único, a não ser a ditadura ‘do povo’. (Já ouvi
isto antes- em Havana, em 1960-1- nos eufóricos estágios iniciais da Revolução
Cubana, antes que sua revolução se tornasse institucionalizada- ou sovietizada.
Ernesto é apenas o primeiro dos líderes governantes que me diz que estão
tentando evitar os erros que os cubanos fizeram- como o próprio Fidel Castro os
aconselhou. Na verdade, Castro foi citado no La Prensa dizendo-
‘Não sou um seguidor de Moscou; sou sua vítima.’) E Ernesto continuou dizendo
que o modelo sandinista da Revolução não era cubano nem o soviético,e que, por
ele ser padre, o modelo é o reino de Deus. E com sua visão de um cristianismo
primitivo, era lógico para ele acrescentar que, na sua opinião, a Revolução não
teria tido sucesso enquanto não houvesse mais senhores nem mais escravos. ‘O
Evangelho’, disse, ‘prevê uma sociedade sem classes. Também prevê a destruição do
Estado’.” (FERLINGHETTI,
1985, p. 28, grifos no original).
Lawrence Ferlinghetti
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