“Não satisfeitos da cópia das instituições, os políticos brasileiros levavam essa ânsia de imitação ao ponto de trasladar para o Brasil até as atitudes pessoais mantidas pelos representantes britânicos, entre os comuns ou entre os lordes. Havia o gosto da citação britânica. A alegria vaidosa e ingênua de apontar os exemplos de Pearl, de Palmerston, de Gladstone. Não houve campanha política e doutrinária, dentro do parlamento brasileiro, em que se não apontasse o modelo de além mar, em que não se trouxesse à baila aquilo que, em idênticas circunstâncias, haviam dito ou feito os estadistas ingleses. O esplendor de uma tirada ao modo e ao tom imperante em Londres ofuscava e obumbrava a mentalidade nacional, sempre apta a inclinar-se solícita ante o prestígio da sabedoria alheia, sempre pronta a admirar sem investigar e a adotar sem adaptar.”(SODRÉ, 1998, p. 159)
Nelson Werneck Sodré
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