O tenentismo (Citação)

“[...] o Tenentismo iria provar, com o caso concreto de São Paulo, seu claro distanciamento da massa operária. Os dirigentes mais lúcidos do movimento operário paulistano, realmente, buscaram o General Isidoro Dias Lopes e lhe pediram armas, para concretizar a sua participação na luta. Mas o chefe rebelado não ousou aceitar essa adesão, que poderia alterar a qualidade da revolta. A massa operária, em São Paulo, assistiu o movimento, acompanhou os seus lances em clara simpatia pelos revoltosos, mas não ultrapassou esse limite. Elementos estrangeiros, de características proletárias inequívocas, participaram da luta, mas dela se afastaram assim que verificaram as dimensões de seus limites e a falta de perspectiva em que se colocaria, quando a superioridade dos legalistas ficou patente e os rebelados mantiveram sua posição de recusa ao apoio popular para a luta armada. [...]” (SODRÉ, 1985, p. 30)

Nelson Werneck Sodré



Um comentário:

  1. Caro Rafael, me parece que o Sodré endossa a tese de que havia um caldo de cultura que representava uma possibilidade real de, literalmente, luta pelo poder por parte da Esquerda.

    O episódio não esgotou os sonhos. Algo latente e articulado permaneceu e seguiu se desenvolvendo. Há uma ponte entre o tenentismo dos anos 1920/30 e golpe militar de 1964. Me deu a impressão de uma linha de continuidade entre os eventos, como se o movimento latente que juntava forças tivesse imaginado que estava finalmente pronto para eclodir e tenha funcionado como catalisador, como desculpa, para o golpe dos militares.

    Ou seja, a ameaça declarada pelos generais como causa do golpe não seria uma desculpa tão esfarrapada assim. Isto não é uma afirmação peremptória, é apenas algo que me ocorreu lendo o trecho do Nelson Werneck Sodré que você postou.

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