Texto publicado originalmente no Jornal de Viamão (http://www.jornaldeviamao. com.br/) e disponível em
Enquanto toda a América Latina vivia os sofrimentos da ascendência da força de trabalho escravizada e as limitações de toda ordem derivadas deste predomínio da falta de liberdade, na ibéria americana os caudilhos lideraram uma agitação política e militar de grande vulto usando de variadas maneiras o liberalismo clássico. A doutrina do livre câmbio efetivou uma conquista geral de todos americanos naquele momento. O direito de ir e vir foi outro direito adquirido, também pelos trabalhadores. A liberdade de pensamento, mesmo restrita, através de jornais ajudou a politizar gradualmente os povos da América Latina. Houve diversos exemplos de imprensa negra no Brasil Imperial. E o liberalismo volta a ter importância em nossa História política. O liberalismo é, mais uma vez, subversivo, em nossa terra dos coxinhas.
O direito de aborto, a reforma agrária e os direitos humanos, são valores liberais. A falta de domínio das mulheres sobre o próprio corpo objetiva também maior liberdade individual e menor ingerência da sociedade ou do Estado sobre as vontades particulares das parturientes. O pai do liberalismo John Locke já dizia que Deus concedeu terra em comum a todos os homens. O direito a propriedade privada da terra é também muito estimado pelos liberais. A igualdade jurídica também é uma categoria dos discípulos de Ludwig Von Mises. Para ele a força bruta e repressão deveriam dar lugar a luta através das armas do pensamento. O anti comunismo não é do espírito do liberalismo originário, que em uma de suas auto definições, é a doutrina da tolerância. Portanto, não tem nada a ver com o senhor Olavo de Carvalho ou a revista Veja. E deixar de ser classe, para ser plenamente um indivíduo, representa uma radicalização destes valores.
Vivemos em uma fase de decadência intelectual e despolitização na sociedade brasileira. Lançar um livro, ler uma poesia, exercer o ofício de professor, defender a constituição, não pode! Em uma prova do ENEM, abordar violência contra as mulheres, é doutrinação! LIBERALISMO NELES!
Rafael da Silva Freitas: Nasceu no dia 29 de dezembro de 1982 em Santa Maria, RS. Historiador. Membro Permanente e fundador do Grupo de Estudos Americanista Cipriano Barata. Produtor e radialista do programa "História em Pauta" na web rádio La Integracion. Colunista no Jornal de Viamão.
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Neste artigo você pratica uma prestidigitação intelectual evidente quando diz: "O anti comunismo não é do espírito do liberalismo originário, que em uma de suas auto definições, é a doutrina da tolerância." O liberalismo originário não se ocupou do comunismo porque lhe é anterior. Quando as teorias socialistas/comunistas ganham corpo, elegem o liberalismo como inimigo, que no entanto segue abrigando tais movimentos, com períodos de intolerância, é verdade, mas a intolerância dos liberais para com as ideias socialistas e comunistas é infinitamente menor que a intolerância de socialistas e comunistas para com o liberalismo e a democracia liberal.
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