O tenentismo (resenha)



Nome: O tenentismo
Autor: Nelson Werneck Sodré
Editora: Mercado Aberto
Ano: 1985

Resenha


O movimento tenentista é notoriamente alvo de controvérsias. Muitas vezes esta agitação política que abalou quase a totalidade dos estados brasileiros ao final da República Velha, é resumida como uma resposta corporativa às “cartas falsas” e às questões unicamente ligadas ao desprestígio do exército nacional. Todo o tenentismo resultaria da reação à dignidade ofendida por Artur Bernardes, presidente do Brasil, cujas cartas teriam sido divulgadas na imprensa, e aonde conteriam acusações como de corrupção, entre outras direcionadas contra as forças armadas do país. O Clube Militar decidiu pelo esforço de deposição do presidente devido a esta e outras humilhações. Mas a fraude das cartas foi confessada pelos falsários, e os conflitos continuaram. O tenentismo foi uma revolta militar contra o regime oligárquico conhecido como Café com Leite e por “representação e justiça”.

O movimento originariamente era contrário à participação político-partidária, e aos poucos foi se degenerando, ao culminar com a Revolução de 30. A cronologia tenentista de Nelson Werneck Sodré termina em 1933, mas poderia continuar até o golpe de primeiro de abril de 1964. E outra crítica possível a obra é sobre a participação de Luiz Carlos Prestes nas assembleias no Clube Militar aonde foi decidido que os tenentes não apoiariam Artur Bernardes, que foi negada. Segundo o “Dicionário crítico Nelson Werneck Sodré”, por um equívoco. O tenentismo é apresentado como um fenômeno excepcional da História do Brasil, um episódio do “alastramento das relações capitalistas” (bastante diverso do modo como ocorreu na Europa) e também da nossa História militar. Devido a mencionada importância e singularidade, na “Introdução”, o autor procura denunciar a necessidade de análise deste fato histórico. Para além da Coluna Prestes, apenas.

O livro está dividido nas seguintes partes: “A época”, “A crise política e os militares”, “Os movimentos armados”, “A fase política”, “Conteúdo e programas”. Neste formato, Sodré defende que os tenentes serviram de vanguarda para valores burgueses que eles aceitavam e promoviam com armas em punhos, arriscando as suas vidas e heroicamente. Valores que vinham desde pessoas como Mauá e Vergueiro, os nossos primeiros burgueses de destaque. Devido a isso, o tenentismo não aceitou a aliança que foi oferecida por lideranças da classe operária. 

Portanto, se o tenentismo não foi corporativo, também não foi positivista, por “ordem e progresso”, mas seguidos combates por unificação do ensino e sua gratuidade, pelo voto secreto, pela “regeneração dos nossos costumes políticos”. Alguns tenentes tornaram-se integralistas, outros comunistas, mas o tenentismo enquanto existiu como movimento sempre foi motivado e limitado pelo liberalismo.


Sobre o Autor:
Rafael Freitas
Rafael da Silva Freitas: Nasceu no dia 29 de dezembro de 1982 em Santa Maria, RS. Historiador. Membro Permanente e fundador do Grupo de Estudos Americanista Cipriano Barata. Produtor e radialista do programa "História em Pauta" na web rádio La Integracion. Colunista no Jornal de Viamão.

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