História geral da civilização brasileira. Tomo II O Brasil monárquico. Volume 3. O processo de emancipação. (citação)

“A revolução pernambucana de 1817, de seu lado, deveria constituir-se numa advertência para o Príncipe, empenhado então numa aventura nefasta, tal fosse o avanço sobre Montevidéu. O Brasil não se sujeitaria a uma política contrária aos seus interesses, e ‘uma insurreição sufocada pode ocultar dez outras atrás de si. Onde perseguir, onde prender os agentes da insurreição, em regiões sem limites e sem polícia?’ Bem entendido, a notícia do movimento de 1817 fora recebida com euforia pelos liberais da Europa, num momento em que a Santa Aliança se erguia como defensora do absolutismo e promotora da reação em todo o continente. Stendhal, por exemplo, desiludido em suas esperanças de uma revolução na Inglaterra, parecia consolar-se com o levante pernambucano. Assim é que lemos em seu Diário, no dia 1 ° de junho de 1817: ‘A admirável insurreição do Brasil, quase a maior coisa que poderia acontecer, traz-me as seguintes ideias: 1. A liberdade é como a peste. Enquanto não se jogar ao mar o último pestífero, nada de definitivo foi feito. 2. O único remédio contra a liberdade são as concessões. Mas é preciso empregar o remédio a tempo: vede Luís XVIII. Não há lordes ou névoa no Brasil.’” (HOLANDA, 2003, p. 65)



Sérgio Buarque de Holanda


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