Qual a real importância dos nossos símbolos pátrios?
Muitas divergências existem a respeito dos nossos símbolos, as quais se materializam nas discussões políticas. Alguns segmentos, mais voltados para a esquerda, acabam muitas vezes por rechaçá-los, afirmando que são símbolos produzidos dentro de um contexto que "criação da nação" e que, na verdade, são produzidos pelas elites e não atendem aos anseios do nosso povo. Rechaçam o verde e amarelo da bandeira nacional enquanto "as cores da casa dos Bragança e Habsburgo" e buscam a todo custo superar a versão criada pela República, de que o "verde seriam as matas, o amarelo o ouro"...
Já outros grupos, mais voltados à direita e extrema direita, abraçam estes símbolos em uma demonstração de patriotismo ufanista e saudoso, geralmente usado para corroborar um passado mítico onde "havia respeito, amor à pátria", período esse anterior à "porcaria do comunismo vir e acabar com tudo", seja lá o que eles queiram dizer com isso.
Embora esse segundo grupo intente demonstrar nacionalismo, esse sentimento tende a servir, salvo raríssimos casos, como um escudo aos seus objetivos sórdidos de venda do patrimônio nacional, subserviência ao imperialismo, desindustrialização e comprometimento aos interesses daquilo que há de mais atrasado em nossa sociedade: um agronegócio que, remontando nosso passado colonial, assassina nossos indígenas, destrói nossas matas, expropria o camponês e eterniza nossa condição dependente. Assim fazendo, demonstram que na verdade não possuem na prática compromisso com o "verde das matas", nem apreço pelo "amarelo do ouro", nem amor pelo "azul do céu", havendo sim o desejo do estabelecimento de ordem social para que o retrocesso ocorra sem resistência.
Sendo assim, como devemos nos portar? Devemos excluir e desprezar os símbolos nacionais? Devemos abraçá-los?
Em um país de capitalismo dependente como o nosso, os símbolos pátrios, longe de servirem apenas a propósitos alienantes ou justificarem a xenofobia e o chauvinismo, podem e devem servir de motor para o nosso desejo de libertação. Não se trata de defender um ufanismo vazio, nem tampouco um amor irrefletido ao solo, como faria nossa primeira geração de poetas românticos ou o personagem Policarpo Quaresma, de Lima Barreto. Se trata sim, de reconhecer nosso atraso e empreender, com todas as forças, a luta contra o imperialismo e o retrocesso, contra a escravidão no campo e o racismo, contra os desmontes de direitos sociais e a venda de nosso patrimônio.
Longe de defender a "conservação" de um passado criado por senhores de engenho leais à metrópole, nossos símbolos nacionais haverão de ser o motor para a construção de um projeto de poder popular, patriótico e soberano, dos trabalhadores e para os trabalhadores, de expurgo do atraso, da miséria, do entreguismo e da intolerância que vem há séculos assolando nosso querido povo brasileiro.
"Brava gente brasileira
Longe vá temor servil
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil".
Sobre o autor:
Thomaz Joezer Herler: Nascido no Rio de Janeiro/RJ em 1989. Licenciado em História no ano de 2012 pela UFMS/Campus do Pantanal. Mestre em História pela Unioeste/Campus de Marechal Candido Rondon, com dissertação defendida em 2015. Tem como objetos de estudo a Ditadura Empresarial-Militar brasileira, organizações armadas revolucionárias e resistentes e a revolução brasileira.
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