“Não pense o soberano Congresso que pode efetuar os seus planos à força das armas. Eu lamento, Sr. Presidente, que os homens na sociedade não se aconselhem com as histórias e não apliquem os acontecimentos dos tempos passados às circunstâncias e negócios dos tempos presentes! O Brasil, sim, pode ser invadido, mas não dominado; não é possível sujeitar um povo livre quando ele resiste e persevera! Ninguém pode possuir o país alheio se os seus habitantes e naturais senhores não lho permitem. [...]Os ingleses quiseram domar e perseguiram os Americanos da parte do norte e depois de perderem mais de 50 mil homens e esgotarem todos os estratagemas da guerra, sucumbiram apesar do seu poder, deixando os nobres contendores com as bandeiras da liberdade desenroladas. França quis dominar a Ilha de São Domingos: perdeu 40 mil soldados e largou finalmente a Ilha a seus valorosos habitantes. [...] E que direi eu dos Espanhóis na América? Que é das conquistas de Morillos, Morales e seus companheiros? Não perderam os Espanhóis acima de 40 mil homens? Sim, perderam. E que lucro tiraram? Nenhum. Diga-o Colômbia, Buenos Aires e os demais governos. Os Holandeses conquistaram Pernambuco e Bahia quando eram pequenas, mas foram lançados fora pelos Brasileiros quase sem socorro. Estes e outros muitos, Sr. Presidente, são os exemplos para que deviam os ilustres Membros olhar e não para quiméricos entusiasmos que se hão de tornar em nada.”
Cipriano Barata, em “Fala que fez o
senhor deputado Barata no Congresso de Lisboa por ocasião do Parecer da
Comissão sobre os Negócios do Brasil, que vem no Diário de Cortes”.
Pronunciamento publicado na Gazeta Pernambucana, em Recife, em 9/11/1822
e no jornal O Espelho, no Rio de Janeiro, em 13/12/1822.
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