SOLIDARIEDADE AOS RODOVIÁRIOS DA REGIÃO METROPOLITANA DE PORTO ALEGRE EM LUTA POR DIGNIDADE: entenda o que envolve o aviso de greve divulgado no dia 3 de agosto de 2021

Estamos passando por modificações importantes no Brasil. O projeto genocida do governo Bolsonaro, Mourão, Guedes e seus aliados, aprofunda a miséria social, a precarização da classe trabalhadora, aumentando a fome, o desemprego e a alta dos preços de alimentos básicos. O governo federal é lacaio da burguesia brasileira e internacional, portanto sua estratégia é destruir os direitos dos trabalhadores, reduzir salários e estimular crescente taxa de desemprego e aumento de trabalhadores na informalidade. O desemprego, a informalidade, a fome e a miséria só aumentam, por que o governo Bolsonaro tem por trás as classes dominantes, que nada mais são que parasitas, sempre punindo os trabalhadores pelas suas decisões erradas.

 

Diante desse contexto tumultuado, cresce a necessidade de unidade da classe trabalhadora, por meio do fortalecimento das suas organizações sindicais. Mesmo as categorias não sindicalizadas por serem informais poderão buscar algum apoio dos sindicatos para trocas de experiências ou criação de blocos unitários de defesa dos interesses da classe trabalhadora. Em Alvorada, houve tentativas nesse sentido, a exemplo do Movimento Povo que Luta, ou Comitê Alvoradense contra as Reformas Trabalhista e da Previdência. Nesse município da Região Metropolitana de Porto Alegre, os municipários são vitimas de constantes ataques do governo Appolo. Os servidores públicos municipais através do seu sindicato, resistem como podem, obtendo consideráveis vitórias, mesmo parciais. Recentemente, o governo municipal retirou a reposição salarial dos trabalhadores públicos, roubando quase cinco por cento dos vencimentos de cada servidor. Uma situação que podemos ligar à luta dos rodoviários de Alvorada e de toda a Região Metropolitana por dignidade.

 

Há dois anos os rodoviários da Região Metropolitana estão sem aumento salarial, e com a pandemia do COVID-19 veio o corte pela metade do vale alimentação. As promessas feitas pelas empresas do transporte coletivo, em Convenções Coletivas realizadas em dezembro de 2020 e em 1° de junho, de pagamento do um terço de férias até dia 31 de Julho de 2021 para os rodoviários que tirassem férias no verão nesse ano, e de pagamento do vale alimentação com aumento em 6 de agosto, não foram cumpridas, sob alegação de prejuízo devido a pandemia.  Além desses ataques, milhares de profissionais foram demitidos.

 

Documento contendo aviso de greve e reivindicações da categoria dos trabalhadores rodoviários da Região Metropolitana

 

Segundo o diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Rodoviários Intermunicipais de Turismo e Fretamento da Região Metropolitana (Sindimetropolitano) Eduardo Pedebos, a Fundação Estadual de Planejamento Metropolitano e Regional (Metroplan), que gerencia o Sistema Estadual de Transporte Metropolitano Coletivo de Passageiros, “tem um cálculo que com essa pandemia toda, tem um prejuízo de 63 milhões. Veio um subsídio para as empresas de Porto Alegre, para as da Região Metropolitana não.  Essa conta abateu no trabalhador, e o sindicato não é de acordo, por que teve a Convenção Coletiva agora no dia 1° de junho, foi feito um acordo, se voltar os tickets ao normal com aumento, e as empresas pagarem o um terço das férias, tudo agora em 31 de julho e depois dia 6 de agosto e chegaram as  datas, as empresas alegaram que o governo não repassou, que eles não têm. Aí as empresas mandaram uma nota alegando que não iriam cumprir com os acordos e foi feito três mediações com o sindicato dos trabalhadores, o sindicato da patronal, Metroplan, ATM e o governo do Estado. E na última mediação, o governo do Estado, meio que disse que não era da conta deles, que não poderiam fazer nada, por serem empresas privadas. Só que o transporte público, todo mundo sabe que o governo tem que dar uma atenção.“

 

Diante desse antagonismo de interesses entre as empresas e seu sindicato e governo por um lado, e os trabalhadores e seu sindicato, por outro lado, aconteceu a primeira ação organizada dos rodoviários para tentar resistir aos ataques patronais. No dia 3 de agosto, terça feira, foi realizada uma “operação tartaruga” (ação dos motoristas dos ônibus comandada pelo sindicato, onde os veículos do transporte coletivo andaram com velocidade reduzida, causando congestionamento em Porto Alegre e desobedecendo horários, como forma de chamar a atenção para as pautas da categoria). A greve foi decidida entre os trabalhadores durante assembleia extraordinária realizada no dia 3 de agosto, divulgada pelo Sindimetropolitano e foi noticiado em meios como Diário do Transporte, Correio do Povo, O Repórter, entre outros. Um dia após esse anúncio, a Associação dos Municípios da Região Metropolitana (GRANPAL), presidida pelo prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), emitiu uma nota repudiando a greve, onde não mencionam as reivindicações dos trabalhadores rodoviários, somente preocupando-se com isenções, receitas, impostos e “solução equilibrada”.

 


Com a força da organização dos trabalhadores, exposta com a “operação tartaruga” e da repercussão do aviso de greve, o governo Eduardo Leite (PSDB) percebeu que a paralisação surtiria grande efeito, devido as milhares de pessoas transportadas das cidades da Região Metropolitana para a capital gaúcha e vice versa, e resolveu que , agora sim, o problema era da conta dele. Então o governo do Estado chamou uma reunião, que aconteceu no dia 6 de agosto, às 14 horas, onde estiveram presentes as três partes que defendem os interesses dos empresários (Governo do Estado, Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários do Estado do Rio Grande do Sul- SETERGS- e Associação dos Transportadores Intermunicipais Metropolitanos de Passageiros- ATM) e da parte que representa os trabalhadores (Sindimetropolitano). Na reunião o governo do Estado solicitou ao Sindicato dos trabalhadores que não fizesse a greve na segunda feira, como a resposta foi de manter o movimento paredista, o representante do governo Eduardo Leite, Luiz Carlos Busato (PTB) e o advogado do Estado, propuseram a criação de um Grupo de Trabalho Emergencial para reunirem-se diariamente de segunda a sexta. A Comissão será formada pelo governo do Estado, SETERGS, ATM e o Sindimetropolitano.

 

Reunião ocorrida no dia 6 de agosto entre o sindicato e representantes das empresas de ônibus

 

Vimos que a ação do governo do Estado foi no sentido de obedecer ao pedido dos prefeitos da Região Metropolitana, de impedir a greve. O governo estadual, os governos municipais da Região Metropolitana e de Porto Alegre, a SETERGS, a ATM, não demonstraram preocupações com as reivindicações dos trabalhadores rodoviários representados pelo seu sindicato. Até o momento, a única ação sinalizada pelo governo estadual, responsável pela gestão dos transportes coletivos da RM (por meio da Metroplan), foi de conceder subsídios para as empresas dos ônibus. O governo municipal de Alvorada, como era de se esperar, nada fez quanto as reivindicações dos rodoviários, que nessa conjuntura têm apenas o seu sindicato como instrumento de luta. E a greve parece ser a única forma de fazer os gestores se movimentarem. A “operação tartaruga” e o aviso de greve resultou na criação de uma comissão e diversas mediações. Conforme relata, ao blog do Grupo de Estudos Americanista Cipriano Barata, Eduardo Pedebos: “Eu estava em todas as reuniões, aí o governo pediu esse voto de confiança, o secretário do governo Luiz Carlos Busato, pra ser feita essa comissão pra decidir até o futuro do transporte coletivo. Se até sexta feira não surtir efeito essas reuniões, aí na outra semana o sindicato e os trabalhadores farão a greve.”

 

O GEACB está colocado em defesa dos trabalhadores, por isso nessa matéria, esse é o único ponto de vista presente. Para saber o lado dos empresários, temos a grande mídia, a SETERGS, a GRANPAL, a ATM, o governo do Estado e dos municípios da Região Metropolitana. Alerta! 

 

Agradecemos a disponibilidade para diálogo com fornecimento das informações pertinentes, referentes ao aviso de greve divulgado na mídia local, do diretor do Sindimetropolitano, Eduardo Pedebos.

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