Cipriano Barata: a chinelada nos reacionários

 



Cipriano Barata foi tema em destaque no livro didático "Nova História do Brasil. 500 anos de História malcontada",  escrito pelo misterioso Mario Schmidt. A obra era destinada aos estudantes do Ensino Médio e foi lançada em 1999, pela Editora Nova Geração, de São Paulo, SP. Leia o texto, na íntegra, abaixo.

Cipriano Barata era baiano, filho de tenente do exército com mulata. Estudou medicina, filosofia e matemática em Coimbra e conheceu de perto a Revolução Francesa. De volta para o Brasil, em Salvador, sua cidade natal, ficou conhecido como o médico dos pobres. Era o doutor que não cobrava consulta, o freqüentador dos terreiros de macumba, o namorador das pretas bonitas da Bahia e, antes de tudo, o agitador.

Onde houvesse uma rebelião, um protesto, um levante, lá estava Cipriano. Líder na Conjuração Baiana de 1798, na Revolução Pernambucana de 1817 e, embora preso, na Confederação do Equador. Grande jornalista, não teve papas na língua em acusar D. Pedro de tirano. Volta e meia era encarcerado, tendo estado pela última vez na cadeia com quase 70 anos de idade. Certa vez, não resistiu e deu uma surra num general reacionário. Deputado nas Cortes em Lisboa, escandalizou a todos ao propor o direito de cidadania aos escravos. Mesmo encarcerado, dava um jeito de escrever contra as autoridades. Visitado na cadeia pelo imperador, que queria vê-lo suplicando perdão, virou as costas altivamente.

Cipriano Barata poderia ter tido uma vida tranquila de intelectual à sombra dos ricos. Todavia, escolheu uma existência de combates pela liberdade e pelos direitos do povo. Foi perseguido, preso e arruinado. Jamais se arrependeu. Para ele, quaisquer sofrimentos seriam menores comparados aos de uma vida covarde, fútil e egoísta. Barata não foi um inseto asqueroso. Sabia que lutar pela liberdade, dos outros era, de alguma forma, libertar-se.

Em Lisboa, Cipriano se vestia com roupas velhas e chapéu de palha para provocar os figurões portugueses. Queria marcar sua presença como a de um homem do povo vindo da Colônia.





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