MENSAGENS DAS RUAS

 

Já faz alguns anos que me interesso em registrar as pichações que encontro pelas ruas. Algumas são muito aleatórias; outras, porém, apresentam mensagens políticas, sociais e econômicas interessantes. É improvável que qualquer cidade brasileira (ou mundial) esteja livre desse tipo de manifestação. Por isso, constantemente são alvo de muita polêmica. Para alguns são “antiestéticas”, feias, poluem o visual da cidade. Para outros, e principalmente para aqueles grupos que as fazem, são protestos, formas de expressão de alguma ideia, ou demarcação de espaço e divulgação de algum grupo (“tribo urbana” ou até vínculos com narcotraficantes).

Em Porto Alegre, onde registrei as pichações presentes neste artigo, há um disque pichação (153) para denunciar casos desta prática às autoridades.

As pichações, estes escritos, imagens, caricaturas, colocadas nas paredes de casas, prédios, e até monumentos públicos, não é algo que dominou os espaços urbanos só no século XX. Estas “manifestações” são antigas. Até mesmo na grande metrópole europeia da antiguidade, Roma, tinha suas “pichações”: que na verdade eram rabiscos e caricaturas desenhados com pedra ou faca. A pichação, esse grito escrito, talvez seja algo intrínseco ao ser humano (será que podemos considerar as primeiras pichações os desenhos na caverna de Lascaux, na França, que datam 17 mil anos atrás?)

Este breve texto não tem a pretensão de fazer uma “análise” sociológica-histórica-cultural-antropológica-acadêmica-filosófica das imagens que capturei. Também não tem a pretensão de incentivar as pessoas a tal ato. São apenas registros e podem ter interpretações diversas, dependendo de quem observa e lê as mensagens.



Abaixo, pichação no centro de Porto Alegre. “Zebu morreu/ ele se fudeu/cogumelo é meu”. Parte de uma música do cantor Ventania, uma espécie de hippie do século XXI. Bem característico para o lugar, onde muitos artesãos e artistas ao estilo hippie vendem suas artes na rua. Enquanto isso, na praça em frente a estes escritos, a Praça da Alfândega, há o Museu de Arte do Rio Grande do Sul – conhecido como MARGS. Dentro do MARGS pinturas, esculturas, molduras, que nem mesmo parecem arte, mas ainda assim estão lá, dentro do museu. Os artesãos de rua não tem espaço dentro do MARGS. Porque será?  



Abaixo, um recado forte, mas honesto, para o desagradável prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB).









Sobre os autor:

 

Fábio Melo: Historiador. Membro Permanente e fundador do Grupo de Estudos Americanista Cipriano Barata (GEACB). Professor de escola pública. Produtor e radialista do programa "História em Pauta", que já passou por rádios comunitárias de Porto Alegre e Alvorada. Desenhista amador, tem um blog sobre quadrinhos, com resenhas e ênfase em histórias autorais: https://guerrilhacomix.blogspot.com/


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