FRACASSOS PORTUGUESES NOS PRIMEIROS ANOS DE COLONIZAÇÃO DA AMÉRICA


Imagem representando o contato dos índios com os portugueses


No período de nossa história, onde o nosso lugar era conhecido como Terra dos Papagaios pelos europeus, ou de Pindorama pelos povos originários, entre outros nomes, a liberdade sexual era conhecida entre os tupinambás. Eles viviam sem exploração entre as pessoas, eram sociedades não classistas, andavam sem preocupações com roupas para esconderem seus corpos, praticavam o que hoje é chamado de divórcio,também a poligamia, o incesto e a homossexualidade. Houve, por essas razões e outras mais, muitos casos de europeus que desertavam dos navios e feitorias para irem viver entre os ameríndios. Mesmo quando a colonização era uma realidade, lusitanos abandonavam total ou parcialmente a civilização para americanizarem-se nos sertões.

Um dos primeiros nomes que os europeus deram para a sua colônia na América foi Terra dos Papagaios


Mas em 1534, o rei de Portugal, Dom João III, legalizou a escravização de “brasis”- como eram chamados os trabalhadores que recolhiam o pau brasil-, e essa medida resultou em violenta resposta dos nossos povos autóctones. O que levou a coroa a proibir parcialmente, até em 1570, quando ela permitia escravização, somente de “brasis” quando acontecessem as “guerras justas”. 

Durante o século XIII, Portugal e quase toda a Europa atravessavam uma grande crise, agravada pela Peste Negra. Também conhecida como Morte negra, essa pandemia gerou o perecimento de aproximadamente um terço da população europeia, tendo vitimado também muitos asiáticos.Em Portugal, a agricultura estava em crise e o país em despovoamento. Precursora da propriedade privada da terra com função social, a lei das sesmarias veio para tentar reerguer a agricultura e proteger os proprietários de terra, mas também os obrigava a cultivar suas terras, sob perda de perde-las. O modelo foi retomado aqui, em Pindorama, para a execução das primeiras capitanias hereditárias. 

De um modo geral, houve uma relação polida entre “brasis”- aqueles que faziam extração do pau brasil- e portugueses ou “brasileiros”- quem lucrava com o pau brasil adquirido por meio do escambo- , com colaboração voluntária, em trocas que beneficiavam todas as partes. A escravização dos “brasis”, que aconteceu a partir da implantação do sistema das capitanias hereditárias, permitiu acumulação de riquezas aos portugueses que foi importante para financiar a compra de negros trabalhadores da África, já durante a produção de açúcar. 

Na época das Capitanias Hereditárias verifica-se a tentativa de utilizar a mão de obra indígena, nos engenhos de açúcar, período correspondente às expedições em que se promoviam bandeiras de apresamento para capturar os índios e escravizá-los. Porém desde cedo os indígenas demonstraram aos exploradores que a iniciativa estava fadada ao fracasso. Havia diferenças culturais muito grandes, como se houvesse entre os “brasis”, uma plena “ausência de civilização”, devido aos costumes como os banhos nos rios, caça e pesca única e exclusivamente para satisfação dos desejos e necessidades mais imediatas, tudo o que não combinava com o perfil do trabalhador de que os fazendeiros preferiam.

Referências:

FAUSTO, Boris. História do Brasil. 2 ° ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo: Fundação do Desenvolvimento da Educação, 1995. Disponível em: https://vivelatinoamerica.files.wordpress.com/2015/11/fausto-boris-historia-do-brasil.pdf.

MAESTRI, Mário. Uma história do Brasil Colônia. São Paulo: Contexto, 1997.




Sobre o Autor:
Rafael Freitas
Rafael da Silva Freitas: Nasceu no dia 29 de dezembro de 1982 em Santa Maria, RS. Historiador. Membro Permanente e fundador do Grupo de Estudos Americanista Cipriano Barata. Produtor e radialista do programa "História em Pauta" na rádio A Voz do Morro. Colunista no Jornal de Viamão.

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