Programa História em Pauta com os convidados Edgar e Ana Marcela, ambos nicaraguenses centro-americanos. Abordamos as tentativas de construção de um canal no país que estaria entre dois imperialismos, estadunidense e chinês. Turismo (surf, vulcões). O neoliberalismo do governo atual, que traz de volta algumas características do somozismo. O Fome Zero nicaraguense. Uma visão feminista e anarquista da Revolução Sandinista. Sandino era anarquista? Quais as mais de três variantes ideológicas que promoveram a Revolução? Será que entre Revolução e Religião existe contradição? Cruzada Nacional de Alfabetização, milagrosa? Ernesto Cardenal via na bíblia cristã a inspiração para transformar a Nicarágua numa sociedade como o reino dos céus, sem classes sociais? Esses temas e questionamentos foram os motores desta edição do História em Pauta, nome que damos a uma de nossas formas de estudos sobre História, Educação e Polêmica!
Um fantasma rondando a Nicarágua: nossa introdução à história social da Revolução Sandinista
A Nicarágua, assim como os demais países da América Central, também foi submetida a uma ditadura financiada e apoiada pelos Estados Unidos. Entretanto, podemos encontrar no caso nicaraguense algumas características peculiares, como por exemplo, a permanência de uma família no poder, os Somoza, que por mais de 40 anos governaram o país. Vivia-se em uma república, que mais parecia uma monarquia absolutista, governada por uma dinastia.
Sem dúvida, o poder político da ditadura Somoza encontrou durante as décadas de domínio algumas resistências populares. A Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSNL) agregou sob sua égide diversos grupos de oposição ao regime Somoza, desde socialistas até liberais. Fundada no início dos anos 1960, a Frente tinha como sua principal inspiração a figura de Augusto Sandino, um mecânico que lutou no final dos anos 1920 e 1930 contra a política nicaraguense atrelada ao imperialismo estadunidense. Sandino acabou encontrando principalmente nos camponeses pobres sua principal base de apoio, utilizando uma dinâmica classista de recrutamento. A bandeira destes camponeses e peões era a reforma agrária; algo muito radical para a elite latifundiária da Nicarágua, lembrando que para Sandino, “propriedade é roubo!”.
![]() |
Augusto Sandino (centro) |
Após uma trégua entre as tropas guerrilheiras de Sandino e o governo nicaraguense, apoiado pelos Estados Unidos, a Guarda Nacional (o exército dos latifundiários) passou a caçar e eliminar a guerrilha e seus apoiadores. Sandino foi morto, tentaram apagar sua trajetória da memória dos camponeses, mas não conseguiram impedir que se tornasse um herói nacional na luta contra o imperialismo e a espoliação do país em proveito de interesses estrangeiros. A Guarda Nacional, sob o comando de Anastácio “Tacho” Somoza, tornou-se a única força na Nicarágua capaz de dar uma estabilidade aos negócios estadunidenses na região.
O início da Revolução Sandinista
A ascensão de Anastácio Somoza ao poder na Nicarágua está intimamente ligada aos interesses estadunidenses na região.
No início do século XX foi construído o Canal do Panamá, principalmente porque os Estados Unidos precisavam de uma passagem pelo istmo para navios – mercantes e de guerra – de grande porte. Mesmo controlando a Zona do Canal (que foi obtida após os Estados Unidos financiarem a independência do Panamá da Colômbia) a passagem interoceânica em pouco tempo parecia insuficiente para o tráfego de navios. A Nicarágua, devido a sua posição geográfica, oferecia uma alternativa para a construção de um novo canal, em apoio ao Canal do Panamá.
![]() |
Mapa da Nicarágua. |
Com efeito, o grande problema para efetivar a construção de um canal interoceânico no Panamá, foram as barreiras políticas impostas pelos governantes do país.
O Governo do oligarca José Zelaya, que durou de 1893 até 1907, colocou algumas barreiras a penetração capitalista estrangeira ao fortalecer o Estado. Seu governo foi derrubado após uma revolta local apoiada pelos Estados Unidos que enviou um destacamento de marines para assegurar o poder de seu homem de confiança, Adolfo Diaz. A presença estadunidense permaneceu no país, dando apoio sempre aos candidatos presidenciais que não colocassem obstáculos aos seus negócios – fossem eles liberais ou conservadores. Após o governo de Diaz, elegeu-se presidente Emiliano Chomorro. No governo deste que foi assinado o Tratado Bryan-Chomorro, que sob a aparência de um acordo de ajuda mútua, na realidade dava aos Estados Unidos, entre outros benefícios, as concessões territoriais necessárias para a construção do canal, além de colocar nas mãos destes o monopólio comercial do café nicaraguense.
Mesmo com apoio militar dos Estados Unidos, os políticos nicaraguenses que representavam os interesses deste país, enfrentaram algumas revoltas contra seus governos. No segundo mandato de Adolfo Diaz, de 1926 até 1928, iniciou-se uma revolta popular entre muitos camponeses, liderados pela figura de Augusto César Sandino. De caráter nacionalista, portanto contra o imperialismo e reformista (reforma agrária), o movimento logo se espalhou e entrou em confronto com forças nacionais aliadas ao imperialismo. Após duas eleições supervisionadas pelos Estados Unidos (que deram a vitória aos liberais Moncadas e Sacasa) estes decidiram retirar sua participação do próximo pleito, que ocorreria em 1936.
Ainda que os Estados Unidos deixassem de participar diretamente dos processos eleitorais, eles deixaram, devidamente armada e preparada, a Guarda Nacional. Esta guarda havia sido criada durante o governo Diaz, sob a supervisão estadunidense, para manter a “ordem” no país.
Sandino e seus guerrilheiros concordaram em baixar armas quando da retirada dos Estados Unidos nas eleições de 1936. Mas não contava com o fator da Guarda Nacional que tinha, agora, como diretriz, a busca e o extermínio do movimento sandinista originário. Sob o comando de Anastácio (Tacho) Somoza, a Guarda Nacional matou os sandinistas e seu líder Sandino. Foi o primeiro fim da Revolução Sandinista.
Com o poder da Guarda Nacional, não foi difícil para Anastácio Somoza controlar a política na Nicarágua. Tendo o apoio dos Estados Unidos novamente, Somoza venceu as eleições de 1936. Iniciou-se um período de mais de 40 anos na história da Nicarágua, quando Somoza e seus descendentes tornam-se os reais donos do país, enquanto adquiria um papel fundamental na geopolítica estadunidense na região da América Central. A morte de Sandino coroou um período de desmandos dos Estados Unidos no principal país da América Central:
A diretoria do Banco Nacional da Nicarágua se reunia em Nova York e só havia um representante nicaragüense honorário. A ferrovia nicaraguense estava oficialmente registrada no estado do Maine, e os impostos e as taxas alfandegárias nicaraguenses iam diretamente para bancos dos Estados Unidos, “em caráter perpétuo”, o direito exclusivo de explorar as rotas marítimas e terrestres entre os dois oceanos, com os três milhões de dólares anuais de aluguel indo diretamente para os bancos credores da gigantesca dívida da Nicarágua (ZIMMERMAN, 2006, p. 28).
Via nicaraguense para a revolução
Ao longo dos anos de luta contra a ditadura somozista, a FSLN agiu de acordo com algumas diretrizes, que em boa parte representavam os diversos grupos agregados sob a bandeira da Frente e que queriam o fim do regime instaurado nos anos 1930.
A Frente Sandinista de Libertação Nacional foi criada em 1961 sob a inspiração de Augusto Sandino, assassinado a mando de Tacho Somoza. Além de absorver a ideologia bastante eclética de Sandino, a FSLN abraçava “o marxismo de Lenin, Fidel, Che e Ho Chi Minh” (ZIMMERMAN, 2006, p. 65).
Sob a inspiração da bem sucedida Revolução Cubana, em 1959, alguns setores nacionais, desde liberais radicais até marxistas e adeptos da teologia da libertação, se reuniram em Tegucigalpa, Honduras, e formaram a Frente; que adotou como plano de ação a tática de guerrilha ao estilo sandinista, agregando todos os setores de oposição a Somoza. No ano de 1963 a Frente tentou uma investida, penetrando no território da Nicarágua pelo sul do país, na fronteira com a Costa Rica. Esta tentativa foi frustrada pelo exército somozista da Guarda Nacional, mas serviu para colocar o nome da FSLN no cenário político do país.
As relações entre as duas revoluções, cubana e nicaraguense foram muitas, a começar que Fidel Castro e seus comandados usaram as táticas de guerrilha de Sandino para iniciar sua luta armada: houve mútua influência.
![]() |
O Comandante Sandinista Ortega e o Comandante Fidel Castro. |
Os anos 1970 mostraram, ao mesmo tempo, um desgaste do regime de Somoza e uma ascensão da FSLN. O regime somozista teve uma longa duração, em parte por sua ambiguidade, obtendo inclusive apoio do Partido Comunista local. Muitos setores da sociedade civil, incluindo uma oposição liberal ao regime somozista, migraram para as fileiras da Frente. Quando a revolução foi vitoriosa o contrário também ocorreu. Com um amplo leque de categorias sociais, começaram a surgir no seu interior algumas divergências com relação a luta pela conquista do Estado. Foram as chamadas “três vias” da FSLN. Estes três subgrupos da FSLN ficaram conhecidos como “Guerra Popular Prolongada”, “Tendência Proletária” e “Tendência Insurrecional” ou “Terceiristas”. Estas diferenças quanto a táticas ou estratégias de ação guerrilheira atrasaram o êxito da revolução, que ocorreu somente em 1979.
A vitória revolucionária foi um grande salto qualitativo, mesmo que apenas depois as condições históricas tivessem que ser criadas, enfatizando a educação e fazendo história. Para gradualmente reduzir a distinção entre a cidade e o campo não optou-se pela combinação do trabalho agrícola e industrial, sim pela Cruzada Nacional de Alfabetização. Sem alfabetizar os mais de 60% de analfabetos nicaraguenses, não havia as condições para os trabalhadores tornarem-se a classe dominante e conquistarem a democracia. Com a vitória sandinista, os campesinos conquistaram terra, assistência médica, habitações e educação. Usando os termos sandinistas, a terra dos assassinos tornou-se dos campesinos e viva a Revolução!
Referências:
AYERBE, Luis Fernando. Estados Unidos e América Latina: a construção da hegemonia. São Paulo: UNESP, 2002.
CONSULADO DA NICARÁGUA EM SÃO PAULO. República da Nicarágua – História. Disponível em: http://www.nicaragua.org.br/internas.php?noticias=8435&interna=97486. Acesso em 30 de Junho de 2013.
PEREIRA, Analúcia Danilevicz. Revolução nicaraguense: marxismo, nacionalismo e teologia (1979-90). In: VISENTINI, Paulo Fagundes; PEREIRA [et al.]. Revoluções e regimes marxistas. Porto Alegre: Leitura XXI/NERINT/UFRGS, 2013.
WASSERMAN, Cláudia. História contemporânea da América Latina: 1900-1930. Porto Alegre: Ed da UFRGS, 1992.
ZIMMERMANN, Matilde. A revolução nicaraguense.São Paulo, UNESP, 2006.
Alvorada/RS, 03 de março de 2014.
![]() |
Fábio Melo. Membro
Permanente e fundador do Grupo de Estudos Americanista Cipriano Barata.
Pesquisa sobre História Social da América e Educação na América
(América Latina e Estados Unidos). Produtor e radialista do programa
"História em Pauta" na rádio 3w. Tem diversos textos escritos sobre
educação, cultura e política.
|
![]() |
Rafael Freitas. Graduado em História na FAPA, Membro Permanente e fundador do Grupo de Estudos Americanista Cipriano Barata. Tem interesse de pesquisa em História Social da América e Tendências Pedagógicas Contra-hegemônicas. Produtor e radialista do programa "História em Pauta" na rádio 3w.
|
Marcadores:
Fábio Melo,
Rafael Freitas,
Revolução Sandinista,
Textos Americanistas
7 dias na Nicarágua libre (Citação)
“Sobriedade e coragem, ele insiste
(repetindo Carlos Fonseca), são as características desta Revolução e da junta que a dirige. Junta, ele ressalta, não significa uma ditadura militar; o
dicionário diz simplesmente que é um ‘grupo’. A Revolução está sendo dirigida
por um grupo- não há um ditador único, a não ser a ditadura ‘do povo’. (Já ouvi
isto antes- em Havana, em 1960-1- nos eufóricos estágios iniciais da Revolução
Cubana, antes que sua revolução se tornasse institucionalizada- ou sovietizada.
Ernesto é apenas o primeiro dos líderes governantes que me diz que estão
tentando evitar os erros que os cubanos fizeram- como o próprio Fidel Castro os
aconselhou. Na verdade, Castro foi citado no La Prensa dizendo-
‘Não sou um seguidor de Moscou; sou sua vítima.’) E Ernesto continuou dizendo
que o modelo sandinista da Revolução não era cubano nem o soviético,e que, por
ele ser padre, o modelo é o reino de Deus. E com sua visão de um cristianismo
primitivo, era lógico para ele acrescentar que, na sua opinião, a Revolução não
teria tido sucesso enquanto não houvesse mais senhores nem mais escravos. ‘O
Evangelho’, disse, ‘prevê uma sociedade sem classes. Também prevê a destruição do
Estado’.” (FERLINGHETTI,
1985, p. 28, grifos no original).
Lawrence Ferlinghetti
Marcadores:
Citações,
Revolução Sandinista
Revolução Sandinista (Imagens)
A Revolução Sandinista ocorreu no período de 1979 e 1990, influenciados pela Revolução cubana e pela resistência dos vietcongues, jovens nicaraguenses foram para a guerrilha com o proposito de tirar do poder a família Somoza e a influência EUA do país.
Como resultado dos conflitos a Frente Sandinista de Libertação Nacional conseguiu derrubar o governo do ditador Anastasio Somoza Debayle mantendo nos onze anos posteriores um governo de esquerda.
![]() |
Combatentes Sandinistas prontos para o combate. |
![]() |
Combatentes Sandinista. |
![]() |
Barricada na cidade de León. |
![]() |
Grupo de catorze sandinistas empunhando suas armas. |
![]() |
Combatentes em movimento pela cidade. |
![]() |
Armamentos utilizados na guerrilha. |
![]() |
Combatente descansando no chão. |
![]() |
Guerrilheiros em formação atrás do taque. |
![]() |
Fanor Urroz, junho de 1979. |
![]() |
Rendição do soldado da Guarda Nacional. |
![]() |
No chão corpos de soldados da G.N |
![]() |
Sandinistas comemorando a vitória na Praça da Revolução em Mánagua. |
Marcadores:
Imagens Históricas,
Revolução Sandinista
Filmes de Hollywood sobre a Revolução Sandinista
A Revolução Sandinista ocorrida no período de 1979 a 1990 foi muito importante para a América Latina por se tratar de uma revolução ocorrida em plena Guerra Fria no continente americano. Como uma revolução de características únicas e de interesse mundial, fez com que Hollywood se interessasse na produção de alguns filmes retratando esse momento. Entre esses filmes podemos destacar dois que são:
1: Latino (Latin: America's Secret War in Nicaragua)
Dados do filme:
Título no Brasil: Latino
Título Original: Latin: America's Secret War in Nicaragua
Ano de Lançamento: 1985
Gênero: Drama / Guerra
País de Origem: EUA
Duração: 105 minutos
Direção: Haskell Wexler
Estúdio/Distrib: Lucasfilm
O filme Latino é o tipico filme com enredo norte americano, temos um ex soldado do Vietnã, um romance entre culturas diferentes, a influência da Cia, tiroteios, torturas etc..
O filme se passa três anos após a derrubada da dinastia da família Somoza do poder da Nicarágua, a CIA recruta um veterano do Vietnã para trabalhar secretamente treinando os contra revolucionários. Com o passar do tempo Eddie acaba se apaixonando por Marlena que tem seu pai morto pelos contra revolucionários treinados por Eddie que começa a repensar a sua participação na tentativa de derrubar o governo revolucionário.
O ponto forte do filme está na sua filmagem que foi realizada na Nicarágua, na época que o filme retrata, utilizando aldeões locais e revolucionários sandinistas que a poucos anos antes haviam passado por eventos semelhantes as quais estavam atuando no filme.
Título no Brasil: Latino
Título Original: Latin: America's Secret War in Nicaragua
Ano de Lançamento: 1985
Gênero: Drama / Guerra
País de Origem: EUA
Duração: 105 minutos
Direção: Haskell Wexler
Estúdio/Distrib: Lucasfilm
2: Sob Fogo Cerrado (Under Fire)
![]() |
Capa do filme Sob Fogo Cerrado |
Sob Fogo Cerrado se passa durante os últimos dias do regime do governo Somoza na Nicarágua. No papel principal do filme temos um jornalista que se propõem a registrar os momentos decisivos da guerrilha na Nicarágua. Russell Price começa a simpatizar com os revolucionários se propondo a fotografar um dos lideres da guerrilha que havia morrido, porém a fotografia devia levar as pessoas a pensar que o guerrilheiro estivesse vivo fazendo com que a guerrilha não perdesse força. Essa fotografia acaba ultrapassando as fronteiras da Nicarágua e ganhando repercussão mundial aparecendo nos noticiários do mundo todo.
Após a repercussão da fotografia Prince se desloca para uma suposta entrevista com esse líder da guerrilha, porém no caminho acaba sendo executado pelos soldados do governo Somoza.
O que chama mais atenção no filme é saber que o filme foi inspirado no assassinato do repórter da ABC Bill Stewart e seu tradutor Juan Espinoza por forças da Guarda Nacional em 20 de Junho de 1979. No ocasião sua câmera acabou gravando sua execução, sendo divulgado nos telejornais do mundo todo.
Dados do filme:
Título no Brasil: Sob Fogo Cerrado
Título Original: Under Fire
Ano de Lançamento: 1983
Gênero: Drama / Guerra
País de Origem: EUA
Duração: 128 minutos
Direção: Roger Spottiswoode
Estúdio/Distrib. Fox Filmes
![]() |
Felipe Carreira. Historiador e técnico em informática. Especialista em uso de mídias e tecnologias em educação. Estuda sobre a pirataria no Atlântico com ênfase no século XVII e XVIII. Criador deste espaço virtual para o GEACB. Produz vídeos e documentários sobre a História da América,.
|
Marcadores:
Diversos,
Felipe Carreira,
Revolução Sandinista
Cidade de León (Nicarágua)
Nesse Vídeo volto a falar de mais uma cidade história da América, dessa vez falando da cidade de León localizada na Nicarágua.
A cidade de Léon teve grande importância na história desse país sendo sua capital por mais de duzentos anos.
Marcadores:
Locais da América,
Revolução Sandinista,
Vídeos
Assinar:
Postagens (Atom)