Lima Barreto. O elogio da subversão (resenha)



Nome: Lima Barreto. O elogio da subversão
Autor: Regis de Morais
Editora: Brasiliense
Ano: 1983

Resenha

O filósofo Regis de Morais fez deste livro um depoimento de admiração por Lima Barreto, sem jamais o criticar, nem tendo como objetivo construir uma biografia, sim descrever o seu sentimento quando encontrava com o literato carioca nas páginas dos seus livros. Então, simplesmente jogou fora qualquer cientificidade e chamou a atenção inicialmente para uma comparação entre Lima Barreto e Dostoiévski.

Os sofrimentos vividos não impediram que Lima Barreto produzisse 17 obras. Doenças, desgraças familiares, solidão, discriminação racial, pobreza, timidez, seu próprio falecimento, quando ainda tinha apenas 41 anos de idade. E, ainda assim, sempre um gozador. Um escritor genial, por ser um rebelde. E esta rebeldia que Regis de Morais relata neste pequeno livro da série “Encanto Radical” e lançada pela editora fundada por Caio Prado Júnior.

O contexto histórico de Lima Barreto foi durante a vigência do modo de produção plantacionista latifundiário, em termos gorendeanos. Era a república velha e oligárquica. Pouco após a abolição da escravatura, ele viveu na pele os continuísmos após a lei que manteve os negros entre os subalternizados. Foram das senzalas para os subúrbios. Vivia no Rio de Janeiro e atacava o militarismo, o clericalismo, a perseguição dos republicanos ao candomblé, e toda a mediocridade do seu tempo.

Regis de Moura usou os escritos do precursor do modernismo como fontes primárias para biografar superficialmente o autor, acreditava que Lima desabafava através dos seus personagens. Mas somou estas impressões com ideias de autores que abordaram o mesmo personagem, como Agrippino Grieco, João Antonio, Paula Biguelman e Nicolau Sevcenko, que o situou na Belle Époque brasileira. O referencial teórico de Regis Moura foi Albert Camus, relacionando duas de suas obras com a vida do mulato genial: “O mito de Sísifo” e “O homem revoltado”.

Lima Barreto abordava com frequência a morte, ora aos desesperos afirmando não querer morrer, outras vezes ansiando por sua chegada, pois somente a morte poderia realizar o seu sonho, de ser um destacado escritor no mundo da literatura. Por ser um rebelde, praticava a subversão. O fazer literário foi a sua práxis. Quem hoje lê Lima Barreto não estará fugindo da realidade, pois “Afinal, como já foi dito por um pensador brasileiro, subversivo é aquele que olha a realidade e a vê, apenas isso” (MORAIS, 183, p. 78).     


Sobre o Autor:
Rafael Freitas
Rafael da Silva Freitas: Nasceu no dia 29 de dezembro de 1982 em Santa Maria, RS. Historiador. Membro Permanente e fundador do Grupo de Estudos Americanista Cipriano Barata. Produtor e radialista do programa "História em Pauta" na web rádio La Integracion. Colunista no Jornal de Viamão.

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