O RÁDIO COMO FERRAMENTA DE DIFUSÃO DO NACIONALISMO NO ENTRE GUERRAS: BRASIL, ALEMANHA E INGLATERRA.

Recortes feitos com referências de historiadores/pesquisadores e jornalistas que abordam a história e comunicação radiofônica na época do entre guerras,propiciando uma análise do rádio como ferramenta de acesso das massas para efeitos do nacionalismo.

No período chamado “entre-guerras”, o rádio teve seu movimento de grande avanço, principalmente durante a 2º Guerra Mundial.

Família reunida escutando assistindo rádio.

Considere que o fácil entendimento do rádio, em contraponto ao jornal, onde um analfabeto (ainda existente nas sociedades) não conseguiria compreender as informações, faz com que o seu acesso, mesmo que muitas vezes comunitário, torne o rádio como excelente ferramenta de difusão de idéias em massa, onde líderes políticos, em seus discursos governamentais ou em guerras, tornem-se legítimos discursos em prol do nacionalismo em seus territórios e para o seu “povo”. Usando de características antropológicas e culturais, o fervor em ouvir o seu líder, presidente, ou qual seja a alcunha usada, favorece o encantamento da população. Um discurso inspirador funciona melhor do que palavras em uma folha de jornal.

Seguiremos o artigo com exemplos de líderes políticos, que através do rádio conseguiram de maneiras variadas, consolidar sua política nacionalista em seus países, dando ênfase no governo de Vargas no Brasil, Hitler na Alemanha e dos discursos inspiradores e marcantes de Churchill na Inglaterra, mostrando diferentes (ou nem tanto) maneiras de utilizar a difusão em massa rápida proporcionada pelo rádio, analisando-o agora como um instrumento histórico e de cunho cultural.

Desde que o rádio passou a existir, sua invenção é atribuída ao cientista italiano Guglielmo Marconi. Essa informação é reconhecido por historiadores do mundo todo. Entretanto, um brasileiro reivindica esse título. O padre e cientista gaúcho Roberto Landell de Moura é apresentado em livros, e pesquisas apresentando suas experiências pioneiras consagrando-o como criador do rádio.

Segundo Prado, existe diferenças nas invenções de ambos cientistas:

“(…) Marconi conseguiu a transmissão de sinais telegráficos, sem fios, em código Morse, denominado radiotelegrafia. No inicio do século XX, conseguiu a transmissão com voz humana. Já Landell foi o pioneiro na transmissão a distância, sem fios, da voz humana, por meio das ondas eletromagnéticas”. (PRADO, 2012, p.25).

Após a Primeira Guerra Mundial, o rádio começa a ganhar difusão comercial, e surgem novas emissoras. Vale lembrar que no inicio do século XX, os países participantes da guerra estão se reestruturando e outras metrópoles como exemplo das do Brasil estão se desenvolvendo e tomando forma como vemos hoje. A chegada de novas tecnologias e o crescimento populacional nessas regiões, acarretou em possibilidades de utilidade de novas ferramentas de comunicação. Surgindo então a chamada “Era do Rádio” com sua difusão nas grandes metrópoles mundiais.

No século XX, a industrialização e o desenvolvimento tecnológico atingem níveis sem precedentes no mundo ocidental, a urbanização toma vulto e a sociedade de massas consolida-se. Nesse contexto, a tentativa de alcançar as massas e controlar seu papel político torna-se uma ação fundamental para a realização de qualquer projeto político-ideológico, impondo às classes dirigentes a busca de formas de relação com as massas. Assim, ao lado do controle e da repressão, novos elementos, como a proximidade, a rapidez, a simultaneidade e a manipulação, tornam-se necessários para a configuração de uma política de massas. Nesse sentido, a emergência dos novos meios técnicos de comunicação de massas representa a abertura de novas possibilidades na relação massas e poder pois, a partir de seu desenvolvimento, quem controla a mídia, adquire as condições necessárias para estabelecer, junto às massas, relações de proximidade, constância e simultaneidade, passando a estar em contato direto com a sociedade. (PINTO, M. I. M. B, 2003).

O Rádio, por atuar nas áreas de informação, de comunicação e do conhecimento, altera as relações entre as massas e as classes dirigentes, inaugurando novas formas de atuação no campo da política de massas.

Segundo Meditsch, essa mediação do rádio, propicia o surgimento de um novo elemento social, o chamado público ouvinte e consumidor. O publico ouvinte possui uma imagem auditiva que deriva do antigo hábito leitor, principalmente nos países em que a imprensa teve força e difusão política e social. Um escritor filósofo das transformações provocadas pela radiodifusão chamado Marshall Mcluham, exemplifica como o rádio afeta esses países assim:

“O rádio afeta as pessoas, digamos como que pessoalmente, oferecendo um mundo de comunicação não expressa entre os escritor-locutor e o ouvinte. Este é o aspecto mais imediato do rádio. Uma experiência particular. O rádio tem o poder de transformar a psique e a sociedade numa única câmara de ecos. O rádio proporcionou a primeira experiência maciça de implosão eletrônica, a reversão da direção e do sentido da civilização ocidental letrada” (MEDITSCH, 2005, p. 145).

O potencial do rádio para suprimir as distâncias , atingir um sem número de ouvintes com rapidez e agilidade e atuar sobre as consciências, transforma-se no argumento principal dos discursos daqueles que estavam, de alguma forma, envolvidos com o novo veículo.

Segundo McLuham (MEDITSCH, 2005, p. 145), Hitler só teve existência política, graças ao rádio e aos sistemas de se dirigir ao público. O controle das massas através do rádio e da política nazista propiciou o crescimento do poder da Alemanha durante o período da Segunda guerra, e para sua reestrutura.

As propostas de persuasão e programa político alemão estava muito bem definidas. A possibilidade de trabalhar com as massas, como matéria modelável era claramente definida, segundo Hitler:

“A grande massa não passa de uma obra da natureza. O pouco conhecimento que possui conduz as suas aspirações mais para o mundo dos sentimentos” (Hitler, 1982, p. 365).

Seria um tanto reducinista se falar apenas em controle e manipulação, pois o papel que a massa desempenha no nacional-socialismo é muito mais importante do que isso. Ela não é só dirigida politicamente, mas fazia parte integrante da “realidade nazista”, através do coletivo. Sem a participação das massas, os sistemas totalitários não seriam possíveis. A massa não deveria apenas reagir aos impulsos do Füher e do Partido, mas também agir com estes. (DIEHL, 1996, p.43-44).

Hitler considerava abertamente a manipulação das massas como instrumento político, o que foi a grande novidade e força do nacional-socialismo, através da propaganda propiciada pelo rádio.

Alemães ouvir um discurso anti semita de Hitler. Joseph Goebbels, ministro da propaganda, encorajou todas as famílias a adquirir um rádio. Alemanha, 30 de janeiro de 1937.

O grande idealizador e chefe da propaganda nazista foi Joseph Goebbels, onde em 1933 inaugura uma exposição sobre radiofonia em Belim, declarando que no século XX, o rádio deveria assumir o mesmo papel que a imprensa escrita desempenhara no século anterior. (WYKES, 1975).

Goebbels estava certo, pois o rádio obteve com a Alemanha nazista mais força do que em qualquer outro país, pois o nacionalismo alemão soube aproveitar o potencial disseminador do novo meio.

A crença da sua potencialidade não ficava somente na manifestação de subordinados ou nos ouvintes que encontravam no rádio uma companhia. Os líderes nazistas apostavam no veículo para manter o ânimo das tropas, entusiasmar a população e destruir moralmente os adversários. Com a guerra no auge, os alemães ouviam no rádio os discursos convincentes e animadores do ministro da Propaganda.

Vale prestarmos atenção no chamado “checklist” de pertencimento de uma nação, criando uma identidade com a mesma, como Thiesse destaca em sua obra – Ficções Criadoras: As identidades nacionais. O “povo” alemão segundo a autora, possui características marcantes para o “checklist” de orgulho e pertencimento á sua nação, onde foi usado através dos ministérios de Cultura e Propaganda da Alemanha para o “controle das massas”. Os exemplos de ancestralidade do povo alemão, possuir sua língua nacional, o romantismo alemão, sua natureza e florestas, o místico cultural, tudo foi enfatizado pela política alemã, recebendo o “check” total do povo. (THIESSE, 2001/2002).

Hitler e Goebbles dominaram as estratégias de manipulação da opinião pública, mantendo um controle sobre as transmissões radiofônicas eleitas como necessárias para a disseminação do Nazismo. Goebbles usava o rádio para reforçar o poder do Estado, sustentando o projeto político e militar que pretendia dominar o mundo e a Europa.

Com o controle do Ministério de Informação e Propaganda, Goebbels comandou com absoluto poder os veículos de comunicação, especialmente o cinema e o rádio, os mais utilizados. Distribuiu por todo país emissoras e rádios (VE301), que sintonizavam apenas as programações e propagandas nazistas. A imprensa alemã tornou-se órgão oficial do governo. O Ministério de Propaganda controlava o conteúdo e apresentações de todos os programas radiofônicos. Durante a Segunda Guerra, foi proibido sintonizar emissoras estrangeiras, podendo ser condenado á pena de morte. Em 1940, um único programa de rádio era transmitido, obrigatoriamente por todas as emissoras da Alemanha, sob orientação expressa de Goebbels. (GOLIN, C. e ABREU, J.B. (org). DE DEUS, S. 2006, cap.4, p.75-76).

O rádio foi, portanto, o meio mais eficiente de divulgação da política nacionalista alemã.

Na Inglaterra, o rádio teve sua principal função política no entre-guerras, na utilização do primeiro-ministro Churchill, que apresentou uma figura forte principalmente durante seus discursos. Em 10 de maio de 1940, Churchill chegou ao cargo de primeiro-ministro britânico, contando 65 anos de idade. Seus discursos memoráveis, conclamando o povo britânico à resistência e sua crescente aproximação com o então presidente americano Franklin Delano Roosevelt, visando a que os Estados Unidos ingressassem definitivamente na guerra, foram essenciais para o êxito dos aliados. (LUKACS, 2009).

O exemplo de Churchill e sua incendiária oratória permitiram-lhe manter a coesão do povo britânico nas horas de prova suprema que significaram os bombardeios sistemáticos da Alemanha sobre Londres e outras cidades do Reino Unido. Como exemplo da sua atitude nas rádios para o povo britânico, em 1942, proferiu um discurso que sintetiza bem tais valores e a importância de tais ondas numa época no qual o ‘mar’ estava bem revolto:

“Nós seguiremos até ao Fim. Lutaremos em França, lutaremos nos mares e nos oceanos, lutaremos com crescente confiança e maior força no ar; defenderemos a nossa Ilha, qualquer que seja o custo, lutaremos nas praias, lutaremos nas terras de desembarque, lutaremos nos campos e nas ruas”. (CHURCHILL, W.S, 2005).

A principal emissora radialistica da Inglaterra é a BBC de Londres (British Broadcasting Corporation). Sua inauguração foi em novembro de 1922 e suas transmissões dirigiam-se as próprias ilhas britãnicas, pois não havia ainda uma programação para o exterior, mas o Império Britânico abrangia vastos territórios coloniais nos cinco continentes, e com o desenvolvimento da tecnologia de transmissão, houve a vontade e possibilidade, do centro do Império, de comunicar-se com as suas colônias e ex-colônias em todas as partes do mundo.

Em 1932, é inaugurado pelo BBC o Empire Service, uma programação em língua inglesa dirigida, principalmente para os territórios que formavam ou haviam formado o Império, como forma de reaproximar os povos. O próprio Rei George V dirigiu uma mensagem de Natal aos ouvintes de todo o mundo – primeiro monarca a falar nas rádios, dirigindo-se a “homens e mulheres tão separados pelas neves e pelos desertos que só as vozes que vêm pelo ar podem alcançá-los” (GOLIN, C. e ABREU, J.B. (org).GUERRINI JR. I, cap. 1, p. 18).

O papel das transmissões da BBC ma Segunda Guerra Mundial foi fundamental para difusão dos acontecimentos para o mundo todo. É ressaltado sua objetividade e imparcialidade na divulgação das notícias. Sem dúvida, o conteúdo da BBC transmitido em várias línguas era mais confiável que as propagandas totalitárias colocavam no ar.

No Brasil, o rádio fez sua primeira apresentação pública e oficial em 1922, na Exposição Nacional e comemorativa do Centenário da Independência do Brasil. A montagem de exposições nacionais era uma prática comum na época. Eventos de projeção internacional, as exposições serviam como uma espécie de vitrine, na qual os países participantes exibiam, entre outras coisas, as novidades tecnológicas.

Para o Brasil, a “Exposição Nacional de 1922” era de grande importância, era o momento do país mostrar-se próspero, saudável, desenvolvido, e, acima de tudo, moderno, frente aos olhos dos países europeus.

A exposição era o lugar ideal para apresentar á sociedade brasileira a novidade tecnológica que encantava o mundo. A Westinhouse se encarregou de trazer os equipamentos e uma estação transmissora foi preparada no alto do Corcovado. Para a recepção das transmissões foram instalados diversos aparelhos nos pavilhões da Exposição Nacional, foram transmitidos o discurso do Presidente da República, Epitácio Pessoa, e a ópera “O Guarany”, de Carlos Gomes, diretamente do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, causando espanto e encantamento no público presente. O sucesso e a repercussão das primeiras transmissões radiofônicas na imprensa resultaram, logo no ano seguinte, no estabelecimento da primeira emissora de rádio brasileira. Os pioneiros do rádio brasileiro foram Roque Pinto e Henrique Morize. Ao fundarem a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, eles pretendiam criar uma emissora de rádio com finalidades estritamente culturais e educativas, nos moldes das que estavam surgindo em alguns países europeus. (COMEGNO, V. 2008, p.16).

Vargas soube utilizar dessa grande ferramenta que é o rádio para sua política. A propaganda varguista fabricou uma figura muito forte no regime. A figura do pai – que seria Getúlio. É justamente no Estado Novo que o rádio adquire uma nova importância e seu uso é intensificado.

Foto de novembro de 1937, após o golpe de Estado que implantou o Estado Novo. 

Getúlio Vargas no seu primeiro período como presidente do Brasil 1930/1945 – governou sob forte cunho nacionalista, influindo sobre os meios de comunicação ao buscar impor o seu projeto político que incluía a unificação nacional. Em 1º de maio de 1937 já destacava o valor que daria ao rádio, na mensagem enviada ao Congresso Nacional que anunciava o aumento do número de emissoras no país. Nela, aconselhava os estados e municípios a instalarem aparelhos rádio-receptores, providos de alto-falantes, em condições de facilitar a todos os brasileiros, sem distinção de sexo nem de idade, momentos de educação política e social, informes úteis aos seus negócios e toda a sorte de notícias tendentes a entrelaçar os interesses diversos da nação. (HAUSSEN, 2001).

O papel do rádio, portanto, precisa ser analisado sob o ponto de vista do contexto da época em que está inserido. Os anos 30 e 40, por exemplo, são de grandes transformações em toda a sociedade brasileira, com o aumento da população, o crescimento dos centros urbanos e o desenvolvimento da indústria e dos serviços. No início, a coordenação do setor de divulgação e propaganda do governo esteve sob a responsabilidade do Ministério da Educação. O projeto cultural e educativo, de uma maneira ampla, tinha uma visão nacionalista e buscava a mobilização e a participação cívica, assim como as reformas educacionais.

Mas, já em 1934, Getúlio Vargas criaria o Departamento de Propaganda e Difusão Cultural ligado ao Ministério da Justiça, esvaziando o Ministério da Educação não só da propaganda como também do rádio e do cinema. A meta era estudar a utilização do cinema, da radiotelegrafia e de outros processos técnicos, no sentido de usá-los como instrumentos de difusão, sob a influência do recém criado Ministério da Propaganda alemão.

O ápice do controle radiofônico no Brasil acontece com a criação do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), que foi criado por decreto presidencial em dezembro de 1939, com o objetivo de difundir a ideologia do Estado Novo junto às camadas populares. O mesmo compreendia cinco divisões: Divisão de divulgação, rádio, teatro, imprensa e cinema.

Cabia-lhe coordenar, orientar e centralizar a propaganda interna e externa, fazer a censura ao teatro, cinema e funções esportivas e recreativas, organizar manifestações cívicas, festas patrióticas, exposições, concertos musicais, conferências e projetos monográficos sobre a História do Brasil, estimular a produção de filmes educativos nacionais e classificá-los para a concessão de prêmios e favores e dirigir o programa de radiodifusão oficial do governo. Vários estados possuíam órgãos filiados ao DIP, os chamados “Deips”. Essa estrutura altamente centralizada permitia ao governo exercer o controle da informação, assegurando-lhe o domínio da vida cultural do país.

Capelato relata com clareza a utilização de Vargas para o controle dos meios de comunicação e propaganda política através do rádio – buscou-se difundir seu uso nas escolas e nos estabelecimentos agrícolas e industriais, de modo a promover a cooperação entre a União, os Estados, os Municípios e os particulares. Através da veiculação dos programas “Hora do Brasil” e do “Cinejornal Brasileiro”. Com essa nova forma de propaganda política a promoção pessoal do chefe de governo alcançava o auge, dado ao apelo exemplificado nas formas do mesmo iniciar seus discursos nos programas radiofônicos do governo: “trabalhadores do Brasil”. A alcunha “pai dos pobres” foi incutida na população, por forjar estes movimentos como “vitórias populares”. Este tipo de “fazer político” corroborará para a confecção da política brasileira do: dar, receber e retribuir; vantagens em troca de apoio político. (CAPELATO, 1999).

Por fim, o DIP transformou-se em um “superministério”, acima dos outros, já que respondia apenas ao próprio presidente.


Conclusão:

O surgimento das massas urbanas prestou-se a projeto políticos populistas e nacionalistas que resultaram na organização de poder que deu forma ao compromisso entre essas massas e o Estado. Por outro lado, as novas tecnologias daquele momento, principalmente o rádio, tornaram possível a emergência e a difusão de uma nova linguagem e de um novo discurso social: o popular massivo. Essas tecnologias de comunicação tiveram, assim, a sua relação com a cultura mediada por um projeto estatal de modernização político mas, também, cultural.

Ao estudar Benedict Anderson em suas obras: Comunidades Imaginadas (1989) e Nação e Consciência Nacional (ed.70, 2005), autor aponta que as origens da consciência nacional ancoram-se em uma língua impressa. O que tornou possível imaginar as novas comunidades, num sentido positivo, foi a interação mais ou menos casual, porém explosiva, entre um modo de produção e de relações de produção (o capitalismo), e a tecnologia de comunicação (a imprensa) e a fatalidade da diversidade lingüística humana, onde o capitalismo criou dentro dos limites impostos pelas gramáticas e sintaxes, línguas de imprensa reproduzidas mecanicamente e passíveis de se disseminarem por todo mercado.

No âmbito ao que refere-se o trabalho á respeito do rádio como ferramenta do nacionalismo, segue-se uma mesma lógica expressada por Anderson, mas para a sua manutenção.

O crescimento dos núcleos urbanos como já comentado, as novas tecnologias e o fácil acesso de todos – ricos, pobres, analfabetos – fez com que o rádio vire a principal forma de acesso do Estado ao público, aos ouvintes, semeando cultura, política e criando uma extensão do nacionalismo. Os discursos de Hitler, Churcill, Vargas, suas políticas tanto em prol governamental como educacional e cultural, tudo passou pelo rádio no período proposto pelo estudo, e perdurou até a utilização da televisão, que agora a partir da imagem agremia novos espectadores, agora seus “telespectadores”.

Porem, mesmo hoje em dia, a utilização e de certa forma evolução do rádio, faz com que mantenha-se certas características inicialmente praticadas em 1920 pelos governos. Obviamente na grande maioria existe uma liberdade de expressão e emissoras livres da repressão, mas que ainda são usadas pela política, com seus horários políticos, discursos presidenciais e rádiojornalismo. Lembrando que o famoso “Hora do Brasil” ainda existe, chamado “Voz do Brasil”, obrigatório e tendo como tema musical “O Guarany”

Analisando a partir da atualidade a utilização do rádio e quantidade de ouvintes, em um mundo onde a televisão e internet estão presentes, percebemos que existe uma imensa quantidade de ouvintes de rádio assíduos, fazendo-nos perceber que sem dúvidas o encanto do rádio após seu surgimento ajudou tremendamente as políticas nacionalistas pelo mundo na difusão rápida para as massas.


REFERENCIAS

ADNERSON, Benedict. Nação e Consciência Nacional. São Paulo: Ática, 1989.

ANDERSON, Benedict. Comunidades Imaginadas. Lisboa: Edições 70, 2005.

CAPELATO, Maria H.R. Propaganda política e controle dos meios de comunicação. In: Dulce Pandolfi (org). Repensando o Estado Novo. Rio de Janeiro: FGV, 1999.

CHURCHILL, W,S. Memórias da Segunda Guerra Mundial. volume: 1 e 2. 3ed. Tradução: Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2005.

COMEGNO, Valdir. A Magia do Rádio. São Paulo: Editora Meireles, 2008.

DIEHL, Paula. Propaganda e Persuasão na Alemanha Nazista. São Paulo: ANNABLUME, 1996.
GOLIN, Cida e ABREU, J.B. (orgs). Batalha Sonora: o rádio e a Segunda Guerra Mundial. Porto Alegre: Edipucrs, 2006.

HAUSSEN, D.F. Rádio e Política – Tempos de Vargas e Perón. Porto Alegre: Edipucrs, 2001
HITLER. A. Minha Luta. São Paulo: Moraes, 1982.

LUKACS, John. Churchill e o Discurso que Mudou a História: Suangue, Trabalho, Lágrimas e Suor. Rio de Janeiro: Zahar, 2009.

MEDITSCH, Eduardo (org).Teorias do Rádio. Florianópolis: Insular, 2005.

ORLANDI, E.P. Discurso fundador: formação do país e construção da identidade nacional. São Paulo: Pontes, 1993.

PRADO, Magaly. História do Rádio no Brasil. São Paulo: Da Boa Prosa, 2012.

Pinto, M.I.M.B. Cultura de massas e a integração nacional pelas ondas do rádio. In: Simpósio Nacional de História, ed. 22, João Pessoa, 2003.

SIQUEIRA, Ethevaldo. Revolução Digital – Um século de inovações e de história. São Paulo: Telequest e Saraiva, 2007.

WYKES, Alan. Goebbels – História da Segunda Guerra Mundial, Edição 7. Rio de Janeiro: Renes ltda. 1975.



Sobre o Autor:
Matheus Ourique: Estudante de jornalismo pela PUCRS.

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