Diante dos graves acontecimentos ocorridos na madrugada do dia 14 de junho corrente, data da Greve Geral, as entidades signatárias desta nota vêm a público esclarecer e exigir respostas das autoridades competentes, nas pessoas do Governador do Estado do RS e do Comandante Geral da Brigada Militar do RS.
A greve do dia 14 de junho foi um importante passo no processo de resistência contra essa criminosa reforma da aposentadoria proposta pelo governo Bolsonaro. Segundo avaliação das Centrais Sindicais, a Greve Geral envolveu, em todos os estados do país, mais de 45 milhões de trabalhadores e trabalhadoras. No Rio Grande do Sul houve manifestações e paralisações em mais de uma centena de municípios, como expressão da inconformidade da classe trabalhadora e da sociedade em relação à reforma da Previdência.
Contudo, em vários locais do Estado, houve repressão violenta e desproporcional por parte da Brigada Militar, que repeliu o movimento, ignorando o direito de livre expressão de todos os cidadãos, expresso no Art.5º da Constituição Federal. Em Alvorada, não foi diferente. Foram usadas dezenas de bombas, balas de borrachas, gás lacrimogêneo e artefatos que não fazem parte dos equipamentos da BM, como relho e bola de sinuca, para ferir trabalhadores, estudantes e moradores da cidade, inclusive um policial da própria BM.
Repudiamos tal atitude, desproporcional e orquestrada pelo comando da Brigada Militar e autorizada pelo Comandante em Chefe da força policial, o Governador Eduardo Leite, e solicitamos apurações imediatas de todos os fatos ocorridos naquele dia. Não concordamos com atos de violência, por isso todas as nossas manifestações são sempre pacíficas. Infelizmente, naquela madrugada, nos deparamos com um aparato policial jamais visto na cidade de Alvorada.
Consideramos hedionda e nefasta a artimanha utilizada pelo Senhor Governador, que é o mais ferrenho defensor da proposta de Reforma da Previdência de Bolsonaro, colocando os trabalhadores da BM contra seus colegas, também trabalhadores e trabalhadoras, que defendiam o direito à aposentadoria de todos. O recado ficou claro. A ordem do governo era não deixar o povo se manifestar a qualquer custo, sendo que as pessoas e as vidas humanas não estavam em primeiro lugar.
Mesmo com a violência, os trabalhadores e trabalhadoras, ao lado do conjunto da sociedade, seguirão nas ruas, resistindo à retirada de direitos, para que o projeto de destruição da Previdência pública não seja aprovado, pois a proposta de Reforma da Previdência do governo Bolsonaro, principal motivo da greve geral, altera as regras de aposentadoria vigentes no país e dificulta o acesso ao benefício para todos. A reforma praticamente acaba com o direito à aposentadoria da maioria dos brasileiros e brasileiras ao substituir o tempo de contribuição pela idade mínima de 65 anos para homens e 62 para mulheres, acumulado com 40 anos de contribuição e, ainda, instituir para os novos trabalhadores um plano privado de capitalização, que reduz drasticamente os valores dos futuros aposentados.
Queremos as vidas de trabalhadores e trabalhadoras protegidas, por isso reiteramos que não compactuamos com nenhum tipo de violência e continuaremos lutando pelos direitos de todos e todas!
Assinam:
Coletivo Negro Minervino de Oliveira
Corrente Sindical Unidade Classista
GEACB- Grupo de Estudos Americanista Cipriano Barata
Resistência Popular Comunitária
Resistência Popular Sindical
CUT- RS- Central Única dos Trabalhadores
CUT-Alvorada
Sindicato dos Metalúrgicos de Alvorada/Porto Alegre
Coletivo de Mulheres Metalúrgicas
Federação dos Trabalhadores de Indústrias Metalúrgicas- RS
CNM/CUT- Confederação Nacional dos Metalúrgicos
Coletivo de Igualdade Racial do RS/CNM
Nenhum comentário:
Postar um comentário