CONSPIRAÇÃO, NAZISMO E KETCHUP: A tentativa de golpe da American Liberty League.

 

Em 1933 chegava a presidência dos Estados Unidos o democrata Franklin Delano Roosevelt. O presidente recém empossado, tinham uma árdua tarefa: enfrentar a crise econômica. Para arrumar a casa, Rossevelt adotou uma política de intervenção estatal no intuito de salvar o capitalismo. O objetivo era recuperar as grandes empresas do país e, ao mesmo tempo, dar assistência e alguns direitos sociais aos trabalhadores – e, desta forma, afasta-los do “espectro do comunismo”, uma vez que a União Soviética não sofreu com a crise de 1929. As políticas sociais de recuperação econômica e social foram chamadas de New Deal (Novo Acordo).

Enquanto Roosevelt e sua equipe política tentavam resolver os problemas da economia em crise, um grupo de democratas anti-Roosevelt e alguns republicanos criaram a American Liberty League1 (Liga Americana da Liberdade), em 1934. O objetivo da Liga era lutar contra a legislação social do trabalho. Não é a toa que os membros da Liga sejam grandes empresários da época: Irénée du Pont (da produtos químicos DuPont), John J. Raskob (DuPont e General Motors), o banqueiro e financista de Wall Street Prescott Bush (pai de George H. W. Bush e avô de George Bush).

Prescott Bush, ao que parece, tinha ligações com a Alemanha nazista: “Prescott Bush, é claro, estava profundamente envolvido nos negócios das Linhas Hamburgo-América e manteve relações estreitas durante todo esse período com o novo governo que chegara ao poder na Alemanha um ano antes, sob o chanceler Aldoph Hitler. Parece que Bush deveria ter formado um elo de ligação do grupo com o novo governo alemão.”2

Um dos desdobramentos das ações da American Liberty League foi a “suposta” tentativa de golpe, apoiada alguns empresários do grupo, e a família Heinz, dona da empresa de molhos de tomate3. Esse episódio conspiracionista ficou conhecido como “Business plot”, ou “Putsch da Casa Branca”. A companhia Heinz, na época administrada por Howard Heinz chegou a doar cerca de US$ 2.500 dólares para a American Liberty League e mais US $ 5.876 para um grupo fascista4.

A multinacional de alimentos Heinz sob o comando de Howard Heinz deu dinheiro para grupos fascistas.


O major general Smedley D. Butler foi uma figura chave entre os “golpistas”. “Em 1934, Butler foi perante o Comitê de Atividades Não Americanas da Câmara (HUAC) para expor uma conspiração contra o governo. Ele havia sido recrutado por um grupo de pró-fascistas ricos que esperavam usá-lo em um golpe contra o presidente Franklin D. Roosevelt. Butler foi reunindo informações sobre o complô e as levou ao Congresso. As afirmações de Butler não foram perseguidas agressivamente e o assunto foi amplamente rejeitado. No entanto, um relatório interno do HUAC ao Congresso confirmou a veracidade do complô.”5


Smedley Butler, divulgou a tentativa de golpe à Casa Branca.


5https://www.americanswhotellthetruth.org/portraits/major-general-smedley-butler



Sobre o Autor: 
 
Fábio Melo: Historiador. Membro Permanente e fundador do Grupo de Estudos Americanista Cipriano Barata. Pesquisa sobre História Social da América e Educação na América (América Latina e Estados Unidos). Produtor e radialista do programa "História em Pauta", que já passou por rádios comunitárias de Porto Alegre e Alvorada. Professor de História e Geografia. Tem diversos textos escritos sobre educação, cultura e política.

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