Os povos nórdicos são,
muitas vezes, retratados em filmes, séries, livros e jogos de
videogame. Esses povos, que têm origem na região que hoje se
constituem os países Noruega, Suécia e Dinamarca, também eram
chamados de vikings.
Os vikings ficaram conhecidos por serem
excelentes navegadores. Suas habilidades na navegação
facilitaram as viagens que faziam por várias partes da Europa e América! Entre os séculos VIII, IX, X e XI da era cristã,
os vikings se estabeleceram em localidades na França, Grã-Bretanha,
Islândia, Groenlândia e parte do atual Canadá; gerando conflitos com os povos que já habitavam essas regiões.
Nos séculos IX e X, grupos
de origem nórdica se estabeleceram no continente americano, vindos
da Islândia. Esses grupos colonizaram uma pequena região da
Groenlândia (cujo nome tem origem nórdica, significa “Terra
Verde”) e de lá seguiram para a costa do atual Canadá, mais especificamente na ilha de
Terra Nova.
Os primeiros vikings a se instalar na Groenlândia
foram liderados por Eric Trovaldsson,
conhecido como “o vermelho”, por volta de 980. Como essa época foi um período de transição religiosa em vários povos nórdicos
(das religiões politeístas para o cristianismo), foi fundada uma
igreja nas terras invadidas, a Igreja de Hvalsey. Segundo o historiador Alfred
W. Crosby: “Os colonos da Groenlândia levavam o gado a pastar nos
prados esparsos entre a calota de gelo e as águas frias do oceano,
construíram casas e igrejas […], e viveram na Groenlândia por
quinhentos anos, o mesmo tempo da presença dos europeus e seus
descendentes na América, desde Colombo.”Algum tempo depois,
por volta do ano 1000, o filho de Eric, Leif Ericsson, chegou à
Terra Nova, Canadá, onde, com mais alguns seguidores, instalou o
povoado de L’Anse aux Meadows.
“O sítio de L’Anse aux
Meadows, cuja localização parece concordar com as descrições das
sagas de um campo conhecido como Leifsbudir, consiste nos restos de
oito edificações, incluindo três salões residenciais grandes o
bastante para abrigar 80 pessoas, uma forja para processar ferro do
pântano e fazer pregos de ferro para barcos, uma carpintaria e uma
oficina de conserto de barcos, mas nenhuma casa de fazenda ou
implementos agrícolas” (DIAMOND, 2020, p. 253).
Apesar de toda habilidade na
navegação e de serem bons guerreiros, os vikings não possuíam um
Estado centralizado, nem mesmo uma grande população para levar
adiante um empreendimento colonial a longo prazo. Os assentamentos
vikings na América do Norte dependiam de um comércio constante com
a Islândia e a Noruega, para supri-los de alimentos e instrumentos
de ferro. Isso foi uma grande desvantagem em relação aos povos
inuítes (esquimós), que vagavam pela região e as vezes se
deparavam com os assentamentos vikings; por vezes dando origem a
algum conflito.
Não se sabe ao certo que fim
levou os remanescentes vikings na América. Os vestígios
arqueológicos, porém, indicam que houve um relativo desenvolvimento
político, cultural e econômico, como atesta a estrutura de L’Anse
aux Meadows: uma aldeia com forjas, oficinas e armazéns.
Referências:
CROSBY,
Alfred W. Imperialismo
ecológico:
a expansão biológica da Europa 900-1900. são Paulo: Companhia das
Letras, 2011.
DIAMOND,
Jared. Armas,
germes e aço:
os destinos das sociedades humanas. Rio de Janeiro: Record, 2019.
__________.
Colapso:
como as sociedades escolhem o fracasso ou o sucesso. Rio
de Janeiro: Record, 2020.
ENCICLOPÉDIA
UNIVERSO:
Vikings. São
Paulo: Editora Três, 1973, v. X, p. 5179.
Sobre o Autor:
Fábio Melo: Historiador. Membro Permanente e fundador do Grupo de Estudos Americanista Cipriano Barata. Pesquisa sobre História Social da América e Educação na América (América Latina e Estados Unidos). Produtor e radialista do programa "História em Pauta", que já passou por rádios comunitárias de Porto Alegre e Alvorada. Professor de História e Geografia. Tem diversos textos escritos sobre educação, cultura e política.
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