Em um dos atos de 2021 pelo fora Bolsonaro eu estava na Vila Oliveira em tarefa de mobilização e quando fui conversar com uma senhora sobre os retrocessos que o país vive e a importância de ir na marcha ela retrucou algo como: eu sei meu filho, Bolsonaro é um canalha que odeia pobre, mas depois que Brizola morreu eu não tenho mais esperanças, esse país está perdido. Já voltaremos nisso, mas hoje Leonel de Moura Brizola faria seu centenário.
Acho que não existe definição melhor do que a do companheiro Leonardo Da Rocha Botega, em recente coluna para explicar Brizola: um nacionalista-reformista, típico de um jacobino, um Robespierre de bombacha e chimarrão.
Leonal Brizola pode não ter sido um comunista, mas foi um homem íntegro que dedicou sua vida a enfrentar os privilégios e injustiças, defendendo sempre o povo pobre, os trabalhadores e o Brasil. Aguerrido e combativo de oratória impressionante, ainda governador do Rio Grande do Sul colocou a Brigada Militar de prontidão e armou o povo para a luta armada contra os milicos golpistas e atrasou o golpe para 1964, mas por conta da vacilação de outros setores reformistas sua tática foi derrotada e lhe restou o exílio. Criou Estatais Gaúchas e expropriou o imperialismo, também foi um aguerrido defensor dos pequenos agricultores e da Reforma Agrária, disposto a levar às últimas consequências suas peleias. Como Governador do RJ foi o primeiro e talvez o único a ocupar um alto cargo executivo no Brasil a combater o genocídio da população negra, proibiu antes mesmo da constituição de 88 a invasão de lares na periferia sem mandato. Tratou educação como investimento e não como gasto, pela primeira vez usou escolas para garantir comida para quem tem fome de modo que os estudantes pudessem aprender. Por isso, foi brutalmente perseguido pela golpista e mentirosa Rede Globo, inimiga do povo brasileiro, mas não se intimidou e até hoje foi o único candidato a presidente, com grande popularidade, que prometeu fechá-la.
Brizola teve sim seus defeitos, apesar de morrer reivindicando um socialismo difuso e em sua história ter feito alianças com o Partido Comunista, teve formação anticomunista e não acreditava que a única solução para superação do Brasil era a organização do povo. Lutava pelos trabalhadores, e não com os trabalhadores, é daí que vem a imagem popular de caudilho, reforçada pela senhorinha que idealizava só em seu grande líder seu bem estar social e me tentava convencer dessa compreensão fatalista. No entanto, lutava pelo povo de forma convicta e não demagógica. Se tivesse sido presidente, eleito em 1989 ou em 1994, seria o melhor que este país já teve. Seu legado precisa ser atualizado de forma crítica, nos apropriando de sua ética e de sua combatividade, mas usando isso para construção do Poder Popular e do Socialismo. Hoje, o Brasil continua saqueado pelo imperialismo, e o PDT de Lupi e os Governos do RS e do RJ não valem a bóia que comem. De um Ciro Gomes cachorrinho da Globo a um Eduardo Leite privatista da CEEE, temos muito trabalho de base para fazer. Por isso, não basta só ficar no “Brizola Vive” do discurso nostálgico e partirmos para a prática!
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