Correlação dinâmica entre todas as lutas dos trabalhadores

Análise de movimentos populares contra a inflação, que atinge trabalhadores do mundo todo

Vamos juntos analisar greves recentes ocorridas em São Paulo, Minas Gerais, França e Reino Unido, bem como protesto ocorrido em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Estes sim são movimentos populares dignos de verificação, por serem legítimos e movidos por razões justas dos trabalhadores.

Duas vitórias dos trabalhadores

Por vezes, vale a pena procurar o sindicato da categoria para organizar uma luta política por melhores condições de vida. Em São Paulo, trabalhadores terceirizados em limpeza procuraram o respectivo sindicato para realizar greve. No Parque do Campo, zona leste de São Paulo, funcionários da empresa Medeiros cruzaram aos braços em razão de atrasos de pagamento de salários e benefícios.

Os trabalhadores tiveram a iniciativa de procurar o sindicato da categoria, para fazer a mobilização. O Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Terceirizados em Limpeza de São Paulo (SIEMACO), somente depois interveio na situação, organizando uma greve no dia 18 de outubro, e o resultado foi a conquista das reivindicações.

Na cidade de Uberaba, em Minas Gerais, servidores do transporte coletivo fizeram greve vitoriosa. Foram seis dias de greve dos servidores do transporte coletivo de Uberaba, encerrada no dia 5 de outubro.

A greve acabou depois de reunião entre o Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Coletivo (Sintracol) e Associação das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Uberaba (Transube). As principais reivindicações dos trabalhadores foram atendidas: reajuste salarial e revisão das escalas de intervalo.

Protesto na frente da EPTC

No início de outubro ocorreu protesto em Porto Alegre, feita por trabalhadores da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC). Os servidores da empresa realizaram manifestação em frente à sede da empresa na capital, no dia 7 de outubro.

O setor administrativo esteve na frente da mobilização, que reivindicava a reposição salarial, entre outras exigências. Afinal, também há críticas referentes a troca do plano de saúde sem o consentimento do sindicato. Frases de um dos cartazes: “Não ao sucateamento da EPTC pela prefeitura! Nosso trabalho tem valor!”

Greve Geral na França

Na França, os trabalhadores também fazem movimentos paredistas. Aconteceu uma greve de petroleiros de várias semanas na França, com exigências de reajuste salarial de 10 % e com muita polêmica após ameaças de intervenção do governo de Emmanuel Macron- afinal seria ele um liberal contra a intervenção estatal na sociedade e na economia. Como geralmente ocorre, governos liberais usam o Estado para reprimir greves.


Greve internacional no Reino Unido

Os patrões enfrentaram diversas greves de trabalhadores ferroviários no Reino Unido- formado pela Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte. Desde o dia 8 de outubro, acontece uma grande paralisação, liderada pelo National Union of Rail, Maritime and Transport Workers (RMT)- sindicato que representa trabalhadores ferroviários, guardas e sinalizadores, no Reino Unido.

Este movimento paredista envolve ferrovias que cobrem Inglaterra, escócia e País de Gales. Outros sindicatos, como o TSSA também participam da greve, entidades que atuam em indústrias de transporte e viagens, com milhares de membros em todo o Reino Unido e Irlanda participando da greve internacional.

A greve envolve disputas entre entidades dos trabalhadores e as empresas ferroviárias, sobre salários, cortes de empregos e mudanças em termos e condições empregatícias. Além de uma conjuntura inflada pela alta inflação que atinge toda a Europa e cortes de milhares de empregos prometidos por empregadores para economizar durante os próximos dois anos.

Considerações

As greves e protestos acima possuem causas muito semelhantes. Entre atrasos de pagamento de salários e benefícios, salários sem reposição, cortes de empregos, há também motivações mais secundárias e não menos importantes. A conjuntura é a mesma para todos, sendo as bandeiras econômicas que funcionaram como estopim de todos os trabalhadores. Já dizia um genial escritor que a economia é a instância da vida mais decisiva, e a interpretação da realidade em movimento torna essa assertiva incontestável.

Sobre o autor:

Rafael Freitas: Membro fundador e permanente do Grupo de Estudos Americanista Cipriano Barata, coletivo de professores voltado para a produção de conhecimento e socialização da História das Américas. Educador Popular, com histórico de fundação e coordenação de cursinhos comunitários, preparatórios para vestibulares e ENEM. Coordenador das bibliotecas populares Luis Carlos Solim e Alceu Barra. Participação com artigos e produção de fontes primárias de pesquisa utilizando a metodologia de História Oral em livros sobre História de Alvorada, Viamão e Gravataí, bem como no livro “Alvorada tradicionalista”. Graduado em licenciatura plena em História na FAPA (Faculdades Porto-Alegrenses), desde 2014. Professor de História da Rede de Ensino Mauá. Colunista do site de notícias Seu Expediente (seuexpediente.com.br) e do jornal O Alvoradense (oalvoradense.com.br).

 

 


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