PARTIDO NOVO
AÇÃO PELA RENOVAÇÃO DO PCB
Manifesto Político
1.
Introdução
O IX Congresso do PCB
lançou as bases para a construção de uma nova concepção política de esquerda
para o Brasil. A concretização desta proposta coloca-se como tarefa aos
comunistas do PCB e seus aliados. A renovação da teoria, da cultura e da
prática da esquerda exige propostas modernas sintonizadas com a dinâmica e a
complexidade dos tempos atuais. Portanto, pressupõe a ruptura com concepções e
práticas do socialismo real, que exauriram-se por não apresentar condições de
superação aos novos desafios.
Para isso torna-se
necessária a construção de um novo partido, socialista, democrático, tendo como
princípio o valor universal da democracia e observando este princípio como o
único caminho ao socialismo. Um partido cujo projeto aponte na perspectiva de
uma sociedade justa e fraterna, o socialismo com liberdade e democracia, que
supere a exploração capitalista e o modelo de socialismo burocrático-autoritário. Um partido vinculado aos movimentos sociais, que conceba a revolução como processo
de ampliação da participação direta da cidadania. Um partido que busque a viabilização
de uma democracia de massas com o controle social da produção e cogestão nas empresas
públicas e privadas. Um partido que tenha a iniciativa das lutas e
reivindicações populares, das esquerdas e demais correntes democráticas e
progressistas.
2.
A conjuntura brasileira
O desenvolvimento
econômico brasileiro – à margem da revolução técnico-científica- conferiu ao
país uma desvantagem em termos economia mundial. Torna-se necessário pensar um
novo modelo de desenvolvimento, integrado à economia internacional de forma
independente e sem qualquer tipo de subordinação, um novo papel do estado em sua relação com a sociedade
e uma economia de mercado socialmente controlada, alternativo à proposta
neoliberal.
A luta do povo
brasileiro pela conquista das liberdades públicas e pela institucionalização da
democracia colocou nosso país em novo patamar político. No entanto, estes
avanços não encontram correspondência nos modelos econômicos implantados nos
governos Sarney e Collor. Em verdade permanece o quadro social injusto e
excludente. A recessão se abate sobre a economia, com desemprego em massa e
arrocho salarial. Coloca-se, hoje, um grande fosso entre a institucionalização
da democracia e as reformas amplamente reclamadas pela maioria do povo
brasileiro.
O atual governo
brasileiro, com seu projeto de inspiração neo liberal, demonstra incapacidade
de equacionar os problemas da economia. Sua política recessiva gerou mais
miséria e marginalização. Busca apoio nos setores mais conservadores e
reacionários da sociedade, frustrando assim as esperanças de mudanças criadas
na campanha presidencial.
Este quadro político
e social torna-se um entrave no processo de democratização. É necessária uma
profunda reforma democrática do Estado e a retomada do crescimento econômico.
deslocar as velhas classes dominantes do poder, criando mecanismos de controle
social da produção e superar a contradição entre o caráter social da produção e
a forma privada de apropriação do excedente da riqueza gerada.
3.
O novo partido de esquerda
Somente um novo
movimento socialista no cenário político nacional, radicalmente comprometido
com a democracia, que apresente propostas viáveis a curto prazo para reverter a
crise, poderá superar a inércia da esquerda brasileira. A criação de espaços
para o intercâmbio entre todas as forças vinculadas à tradição socialista
democrática é fundamental para que a esquerda encontre seu lugar no processo
político nacional.
É neste contexto que
dar vida a um novo partido de esquerda de vocação democrática torna-se tarefa
prioritária àqueles que lutam pelo socialismo. Não significa negar o passado,
mas sim dar continuidade à história, valores e experiências acumuladas em
setenta anos de lutas. A mudança histórica que o PCB promove coloca-o, mais uma
vez, na vanguarda deste processo de redefinição que passa a esquerda
brasileira.
Temos que adequar o
nome, a sigla e o símbolo ao novo partido que está surgindo. Um partido que
amplie a sua participação aos mais variados setores e campos do cotidiano do
nosso povo, elegendo a luta pela vida, pela ecologia, pela cultura, pela
ciência e tecnologia, por uma abordagem ampla das questões da sexualidade e
contra a discriminação racial, tudo isso, repetimos, elegendo como prioridades
que se vinculem e se entrelacem à nossa história de lutas pelos direitos dos
trabalhadores. Um partido cuja teoria valorize o pensamento socialista,
particularmente no que se refere à teoria marxiana, e incorpore contribuições
das correntes marxistas e outros pensadores que tenham colaborado para o avanço
da sociedade.
Enfim, um partido
que, a partir do enorme patrimônio histórico e político do movimento operário e
democrático, crie uma nova cultura política de esquerda, profundamente
humanista e liberta das antigas concepções que restringem a criatividade de
gerações inteiras.
Assinam:
Lauro Hagemann
João Aveline
Cláudio Gutierrez
Antônio Augusto Ruschel
Berlene Brush
José Torres
Annelise Schmidt
José Pacheco
André Martins
Lúcio Olimpio Vieira
Ceci Misoczky
Carlos Alberto (C. A. )
Sérgio Camargo
Silvio Melatti
Carlos Alberto Franck
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