DOCUMENTO HISTÓRICO: TESE AO 8° CONGRESSO DA FEDERAÇÃO RIOGRANDENSE DAS ASSOCIAÇÕES DE MORADORES - FRACAB

 


 

MOVIMENTO COMUNITÁRIO

 

TESE AO 8° CONGRESSO DA FEDERAÇÃO RIOGRANDENSE DAS ASSOCIAÇÕES DE MORADORES

 

FRACAB

 

PRINCÍPIOS

CARÁTER

OBJETIVOS

 

FEVEREIRO DE 1989

 

 

TESE SOBRE CONCEPÇÃO DO MOVIMENTO COMUNITÁRIO


INTRODUÇÃO:


Estas TESES que aqui apresentamos partem da discussão de vários companheiros do Movimento Comunitário e Popular que nestes últimos meses vem dedicando especial atenção à questão da CONCEPÇÃO E DESAFIOS DO MOVIMENTO COMUNITÁRIO.

 

Não pretendemos aqui apresentar propostas prontas e acabadas, ou nos colocando como donos da verdade. Apresentamos nossas reflexões sobre o Movimento que todos queremos que seja mais forte e combativo.

 

Nosso entendimento é que o MOVIMENTO POPULAR, em especial o MOVIMENTO COMUNITÁRIO, necessita de uma LINHA DE ORIENTAÇÃO, para que possa cumprir seus objetivos. Mais que isso, precisamos de um PROGRAMA DE LUTAS que oriente nossa militância para os enfrentamentos que se avizinham.

 

Sabemos que a força da FRACAB e de nossas entidades e movimentos está na aceitação que temos junto às bases da população. Esta aceitação vem da correção da nossa política no enfrentamento com os problemas da comunidade e na democracia que temos com o trato nas instâncias do Movimento. O objetivo desta TESE é apresentarmos o fruto da nossa discussão para que todos os companheiros possam, junto conosco, elaborar uma POLÍTICA COMUNITÁRIA para o crescimento da FRACAB.

 

1-  CONCEPÇÃO, CARÁTER E PRINCÍPIOS DO MOVIMENTO COMUNITÁRIO


O que é Movimento Comunitário?


Após mais de vinte anos de ditadura militar, onde todas as iniciativas de organização sofriam duras repressões dos órgãos estatais, principalmente os militares, ressurgem, forçando uma abertura política, vários movimentos, entre eles o MOVIMENTO COMUNITÁRIO. Através da reunião e associação de vizinhos e moradores de uma mesma rua, vila ou bairro, ressurgem no cenário político as  ASSOCIAÇÕES DE MORADORES, como uma das forças de organização do MOVIMENTO POPULAR.

 

Com o ser reaparecimento reabre uma discussão sobre o que é Movimento Comunitário e qual o seu papel. Nós, entendemos que bem mais do que reunir vizinhos por um espírito “comunitário”, o Movimento trás em si uma experiência coletiva na luta por melhores condições de vida e a construção da democracia popular, controlada pelos próprios moradores através de seus valores, regras e princípios.

 

Outra questão é se o Movimento é apenas reformista e não possibilita o crescimento da consciência de seus participantes. Entendemos que o Movimento é de LUTA por melhores condições de vida, e por isso, possui um caráter de classe que discutiremos a seguir. O principal, sobre o MOVIMENTO COMUNITÁRIO, é que surge, na maioria das vezes através da organização por conquista de alguma melhoria para o bairro, isto significa, que é um Movimento dos explorados contra aqueles que são os exploradores.

 

Quais os principais objetivos do Movimento Comunitário?

 

O desenvolvimento do capitalismo no Brasil, sempre se deu com uma alta taxa de exploração dos trabalhadores brasileiros, que além de receberem baixos salários, são obrigados a viver num regime de recessão, pagando muito caro por alimentos e transporte, sem assistência médica, vivendo em situações sub-humanas nas margens das cidades. Além do capitalismo explorar a mão-de-obra dos trabalhadores, não criou nenhuma forma de desenvolvimento social na Velha ou na Nova República.

 

Esta realidade fica cristalina quando o Brasil situa-se entre as maiores potências industriais do mundo e se alinha à Índia, como um dos países onde morrem até crianças por doenças causadas pela fome. Mais que isso, a política desenvolvida pela burguesia aliada com os governos militares estão levando nosso país a um grande caos.

 

O maior exemplo situa-se em relação às cidades do Brasil. Fruto do êxodo rural e da constante pauperização da classe média pelo arrocho salarial, foram surgindo grandes centros urbanos, onde a maioria da população foi jogada paulatinamente para as margens das cidades, sem infra-estrutura, com um péssimo serviço de transporte, vivendo em áreas poluídas pelas fábricas, sem assistência à saúde.

 

Neste quadro, entendemos que o Movimento Comunitário, por ser composto por assalariados urbanos, sub-empregados e autônomos de baixa renda, deve ter como objetivo imediato a CONQUISTA DE MELHORES CONDIÇÕES DE VIDA para a maioria da população. Esta luta por melhoria de condições de vida deve se articular com as bandeiras que representam melhorias materiais, como congelamento das passagens, construção de casas populares, abastecimento de alimentos alternativos, como também bandeiras que possibilitem a ampliação da participação popular nas decisões de aplicação de recursos públicos. Neste sentido, nosso movimento não deve se tornar um movimento que vive na porta das administrações pedindo favores, mas exigindo melhorias e participação.

 

A solução destes problemas que enfrentamos no dia-a-dia, porém, não estão todas nas mãos dos governos municipais, estaduais ou mesmo federal. Existe uma grande dependência de toda a vida do país das multinacionais e, principalmente, da DÍVIDA EXTERNA. Entendemos que não adianta melhorarmos as condições de transporte se as outras necessidades não são atendidas. Neste sentido, entendemos que a nossa luta  deve ser pela solução total dos problemas dos trabalhadores, conquistando melhorias reais de condições de vida. Isto só será possível com o fim do pagamento da dívida externa, com a independência do Brasil das Multinacionais e com possibilidade real de construirmos uma outra sociedade, igualitária, sem exploração, que hoje denominamos de socialismo. Assim, entendemos que o MOVIMENTO COMUNITÁRIO deve buscar a solução completa dos problemas dos trabalhadores lutando pelo SOCIALISMO.

 

Esta luta significa construirmos espaços de PODER POPULAR na cidade e no bairro onde atuamos e orientar a luta, unindo todas as nossas bandeiras na luta pela REFORMA URBANA, a mudança da gestão capitalista da cidade.

 

Qual o caráter do Movimento Comunitário?

 

O processo de luta pela melhoria de condições de vida tem envolvido milhares, milhões de trabalhadores. Mais do que isto, no processo de luta, várias vitórias tem sido possíveis somente quando a pressão atinge graus de mobilização capaz de intimidar os empresários de transporte, as financeiras habitacionais e mesmo os poderes públicos: municipal e Estadual.

 

Assim, entendemos que o Movimento Comunitário caracteriza-se como um movimento de MASSAS, porque corresponde ao interesse de milhares de trabalhadores explorados pela questão capitalista das cidades. por isso, o Movimento deve apostar sua mobilização e organização em parcelas cada vez maiores da população.

 

As bandeiras do Movimento, que pesem ter soluções dentro do capitalismo, não nos parece que os governos que aí estão estejam dispostos a comprar briga com os empresários. neste sentido, entendemos que o Movimento adquire também um caráter de CLASSE, porque articula e organiza os interesses de milhares de trabalhadores urbanos assalariados, sub-empregados, autônomos, por bandeiras que contradizem os interesses dos grande grupos econômicos que se favorecem com a organização das cidades.

 

Quais os princípios do Movimento Comunitário?

 

Para que o Movimento Com,unitário consiga avançar na implantação dos seus objetivos e aprofundar seu caráter de massas e de classe, é necessário unificar a intervenção dos militantes para o crescimento da luta popular. Para isso precisamos avaliar nossa prática, reconhecer alguns problemas e apontar princípios necessários para o avanço do Movimento.

 

Entendemos que com o surgimento da Nova República mudou sensivelmente a relação do MC com o governo. Porém, se a NR reconhece formalmente o direito dos trabalhadores se organizarem, também é verdade que tem procurado destruir a capacidade de pressão e organização dos movimentos através de políticas de cooptação. Esta cooptação se expressa através de programas como o “Leite do Sarney” mas também na prática de vereadores e prefeitos que buscam se utilizar do Movimento para manterem seu favorecimento pessoal ou de seus partidos.

 

Outra questão de maior importância é a discussão sobre DEMOCRACIA e a REPRESENTATIVIDADE no Movimento Comunitário. Precisamos acabar com entidades sem base e com liderança auto-proclamadas que não representam ninguém. Isto apenas desmerece o movimento que não tem capacidade de grandes mobilizações quando se faz necessário. Além do mais as decisões das Associações de Moradores precisam ser tomadas da forma mais ampla possível, com assembléias, reuniões de base e outras formas que ampliam a discussão. Para nós, as bases da Associação não devem ser apenas “massa de manobra” das diretorias, mas participante de todo o processo compreendendo tudo o que está acontecendo.

 

Por isso, compreendemos que alguns princípios são fundamentais para o avanço do Movimento Comunitário. Primeiro, a INDEPENDÊNCIA FRENTE AOS GOVERNOS seja de qualquer partido. isto significa que nessas entidades não devem se subordinar às estruturas das prefeituras ou a gabinetes de vereadores e deputados. Pelo contrário, é necessário que exijamos mecanismos legítimos de participação nas decisões das políticas dos governos.

 

Segundo, trata-se da AUTONOMIA DAS INSTÂNCIAS DO MOVIMENTO COMUNITÁRIO em relação às demais entidades e aos movimentos. Nossa compreensão é de que a UNIDADE deve ser construída através da discussão e do convencimento político, sendo que nenhuma instância do Movimento poderá impor políticas para que a outra siga.

 

Um terceiro princípio refere-se à DEMOCRACIA e à REPRESENTATIVIDADE DO MOVIMENTO como formas de garantirmos uma legitimidade, acabando com movimentos de cúpulas que decidem sozinhos, sem desenvolver um processo de discussão em suas bases. Isto compromete qualquer decisão e pode criar lideranças fantasmas que vivem de reuniões mas não mobilizam ninguém.

 

Como se dá a politização no Movimento Comunitário?

 

Se temos consciência que a nossa luta por melhores condições de vida não se resume à conquista de água e luz para uma vila, nem à estatização dos transportes em alguns municípios, mas só será conquistada através da REFORMA URBANA, é preciso que discutamos como é que se dá a POLITIZAÇÃO NO MOVIMENTO COMUNITÁRIO.

 

Esta discussão é importante porque devemos iniciar avaliando os motivos de muitas associações que surgiram de lutas importantes meses depois se esvaziam ficando apenas em suas diretorias ou simplesmente no papel. Precisamos discutir porque o movimento cultua o “presidencialismo” sem buscar a criação de uma cultura democrática que amplie os horizontes dos militantes para uma nova realidade. É preciso que discutamos porque em anos eleitorais fica inviável realizarmos lutas comuns porque as principais lideranças, que dias atrás estavam abraçadas por uma bandeira comum, se dividem defendendo este ou aquele partido.

 

O que nos interessa discutir aqui não é se este ou aquele partido está certo ou errado. O que interessa é que pretendemos construir um mesmo movimento, com objetivos comuns, explicitados nestas teses, e que estes objetivos não somem com as campanhas eleitorais, pelo contrário, é nestes movimentos que se evidencia de que lado está cada partido.

 

A politização das lideranças envolvidas nas lutas se dá através do PROCESSO DE LUTA, de forma como organizamos os movimentos que possibilitam a desmascaração dos interesses das Classes, e dos próprios governos. Muito mais do que o resultado parcial de uma luta é preciso que fique claro de que lado está cada setor nesta disputa. Que quando lutamos pelo congelamento das tarifas dos ônibus, do outro lado estão os empresários querendo aumentar os seus lucros, e que na maioria das prefeituras as administrações fazem vistas grossas aumentando as passagens sem consulta e contra a população. Por isso, POLITIZAR é transformar uma luta por Posto de Saúde, numa luta contra a Política Sanitária do Governo e pela estatização do sistema de saúde no Brasil.

 

Mais que isso, significa ficar claro que em anos eleitorais votar num latifundiário não é a mesma coisa do que votar num trabalhador rural, que eleger um operário não é a mesma coisa que eleger um empresário comprometido com as multinacionais, que votar em lideranças comunitárias é mais transformador do que eleger políticos profissionais que vão atuar segundo seu fisiologismo e interesse pessoal. politizar significa apostar nas lutas imediatas no sentido de conquistarmos vitórias mais duradouras. Para isso é preciso uma articulação com todo o Movimento Popular, com o movimento Sindical e frentes partidárias dispostas a construção de um Poder Popular rumo a uma nova sociedade.

 

 

O MOVIMENTO COMUNITÁRIO NECESSITA DE UM PROGRAMA CLARO E DEFINIDO

 

A expressão mais freqüente dos Movimentos Populares é o das associações de moradores  - o Movimento Comunitário - que abrange um sem número de outros movimentos: como o da saúde, o do transporte, da moradia, etc.

 

Ocorre que, na maioria das vezes, na mesma cidade, ao mesmo tempo uma ou outra associação trata do problema da saúde, outra da moradia, outra do transporte, o que determina, como tem se visto, lutas fracas, sem a força suficiente para alcançar os resultados esperados pelas pessoas envolvidas.

 

Somente se viram articulações de associações, numa luta específica por ocasião dos aumentos das tarifas do transporte, no caso das ocupações dos conjuntos habitacionais abandonados, no movimento de Luta contra a Carestia, Movimento de Luta contra o Desemprego. Foram atividades fortes que deixaram marca, elevaram consciências, deixaram algum saldo organizativo.

 

Freqüentemente avaliamos a necessidade de o Movimento Comunitário se articular, para ter a força de pressão capaz de obter melhores resultados. Pois, apesar de sentida, essa articulação não se dá. E não é por acaso. É mais do que sabido, por todos nós, que ninguém se organiza apenas por se organizar, por diletantismo. Quando fazemos somos movidos por algum objetivo. Nota-se, no entanto, que esse objetivo é sempre imediato. E o pior, esse objetivo se estabelece à revelia de nossa vontade, de forma e hora inesperada. Atropela, portanto, nossa organização.

 

Fatos políticos da maior importância ocorreram recentemente cuja participação, neles, do movimento comunitário foi minúscula ou se deu apenas por parte de sua vanguarda. A base do movimento tomou conhecimento pela imprensa. Até desejou que ocorresse, até quis estar junto, mas não foi chamada para discutir e muito menos para participar. Exemplo: o movimento pela constituinte livre, soberana, exclusiva; o retomado movimento pela Reforma Urbana; o movimento pela Soberania e Participação Popular, etc.

 

Por que razão uma associação puxa uma luta, outra associação uma diferente, enquanto outras estão paradas? Por que ocorre de fatos relevantes como a votação do Regimento Interno da Constituição Estadual, não contar com a massa nas galerias para pressionar pela Tribuna Popular? Por que ocorre de apenas algumas assessorias e alguns dirigentes estarem participando das discussões sobre emendas populares para a Constituição Estadual?

 

A resposta para todas estas indagações é uma só: FALTA AO MOVIMENTO COMUNITÁRIO UM PROGRAMA CLARO E DEFINIDO.

 

Muitos companheiros dirão que as resoluções dos congressos da FRACAB, da UAMPA constituem-se nesse programa. Até poderíamos concordar desde que essa plataforma fosse suficientemente clara e definida, desde que, além de todo o programa geral, houvesse um outro de ”PRIORIDADES” acompanhado de ESTRATÉGIA  e TÁTICA, também claras e definidas, para sua implementação.

 

O PROGRAMA

 

Nossas lutas pela moradia digna, pelo transporte estatizado, pelo ensino público e gratuito, pela saúde, etc., pouso têm avançado. Ocorre que lutar apenas pela conquista do teto, mesmo que alcançado, é uma conquista que se dilui nos desvãos da sociedade capitalista, cujos instrumentos de controle estão nas mãos de construtores, loteadores, fazendeiros, banqueiros, grandes comerciantes, agentes do Sistema Financeiro de Habitação, que intervém pressionando a Sociedade e o estado. A conquista do chão ou do teto que, num primeiro momento, tem exclusivo “valor de uso” passa a ter, num segundo momento, “valor de mercado” criado pelas condições dadas pelo conceito, que perdura, de “usar, gozar e livremente dispor”, na prática, do direito de propriedade.

 

Para superar o problema das lutas apenas localizadas e somente reivindicatórias é necessário estabelecer metas que unifiquem as lutas específicas. Entendemos que esse PROGRAMA DE LUTAS se constitui na REFORMA URBANA.

 

A REFORMA URBANA se constitui em uma série de questões que envolvem “o direito à cidade” e a subordinação do direito de propriedade ao “estado de necessidade social”, bem como a construção de SOBERANIA POPULAR.

 

Para podermos ampliar e aprofundar a luta pela Reforma Urbana é necessário trabalhar duro para criar uma CONSCIÊNCIA DA UTILIDADE SOCIAL DA TERRA. Lutar por uma política habitacional de caráter social, por uma política de serviços públicos de caráter social, lutar por uma política de Ecologia e Meio Ambiente e por uma política de municipalização. dentro disso é preciso retomar-se a luta pela facilidade de desapropriação, tornada muito difícil na Constituição Federal; lutar por mecanismos que coíbam a especulação imobiliária; por taxas, contribuição de melhoria, IPTU, diferenciados para imóveis especulativos e os socialmente ocupados; retomar a luta pelos dispositivos do projeto de lei 775/83, engavetado no congresso, mas na sua originalidade.

 

SOBERANIA E CONTROLE POPULAR

 

Sabemos que a Democracia representativa, como propõem os liberais, o caso do Brasil, é uma forma muito frágil de organização social, sendo um caminho plano, curto e pavimentado para o golpe dos setores reacionários. Basta observar 1964 e inúmeros outros casos em outros países da América Latina.

 

Para consolidar a verdadeira democracia, na sua verdadeira expressão de classe é necessário construir mecanismos de participação popular, através dos quais a Classe Trabalhadora se expresse massivamente e com Soberania. Ao invés de os atuais parlamentos serem as últimas instâncias, sempre, de deliberação, ou o poder Executivo, é necessário estabelecer mecanismos, que, por vezes, assumirão esse caráter.

 

Dependendo da questão, seu grau de importância ou gravidade, é necessário chamar o Povo para expressar o desejo da maioria.

 

Na Constituição Federal conquistamos o Plebiscito, o Referendo e a Iniciativa Popular Legislativa. É necessário alargar essas conquistas na Constituição Estadual e nas leis Orgânicas Municipais, como o VETO POPULAR, a TRIBUNA POPULAR e a CASSAÇÂO DE MANDATOS. Além disso é necessário construir os Conselhos Populares, como instrumento de controle, obrigando a transparência da administração e impondo a vontade da Classe Trabalhadora.

 

A ESTRATÉGIA

 

O que nós vemos no Movimento são centenas de militantes agindo tão somente pelo impulso dado pela necessidade imediata de “fazer alguma coisa”. Isto só contribui para a sua dispersão e fraqueza. Não percebemos sua dimensão, nem suas potencialidades. Por isso não saem da reivindicação e do imediatismo, tendo pouca durabilidade sua mobilização, que se esvazia nas primeiras dificuldades encontradas, embretando-se aí e refluindo.

 

Para superar isso precisamos:

 

1.    Uma política de Formação;

 

2.    Uma política de Organização e

 

3.    Uma Infraestrutura.

 

1. É necessário aproveitar todos os militantes que vão surgindo em cada jornada e, através de cursos, seminários, painéis, etc, preparando-os para a continuidade e melhor qualidade do movimento.

 

2. Para isso vemos a necessidade de criar na FRACAB e nas Uniões Municipais: a) uma vice-presidência de Formação Comunitária e b) uma vice- presidência de  Organização Comunitária.

 

 

3. É premente dotar os movimentos de Infraestrutura orgânica capaz de permitir seu funcionamento, atendendo às modernas exigências. Essa infraestrutura deve permitir a profissionalização de membros da Diretoria da Federação Estadual e das Uniões Municipais, mediante discussão interna das entidades.

 

A TÁTICA

 

É freqüente nos depararmos com associações, num mesmo município, persistindo em lutas localizadas,isoladas umas das outras, quando podem juntar suas forças, dando amplitude maior ao embate, acumulando forças, aumentando a capacidade de pressão. Vemos, assim, a necessidade de UNIFICAR as lutas. Por exemplo, em determinado momento a FRACAB e as Uniões bancarem ampla discussão sobre determinado assunto, tirar um programa específico e mobilizar todo o Movimento Comunitário em cima disso, num amplo movimento, pressionando as autoridades, em todos os níveis, pela ampliação de conquistas nesse campo. Por exemplo: Jornada pela Moradia ou Jornada pela Estatização dos Transportes sob Controle Popular.

 

Estas carências, falta de moradia, transporte ruim e caro, falta de vagas nas escolas, atingem toda a Classe Trabalhadora. Para fortalecer a luta é necessário ARTICULAR com outros movimentos como o Sindical, o Estudantil, bem como os específicos como Mulheres, Negros, de Transportes ou Moradias, etc.

 

 

POR UMA CENTRAL NACIONAL DOS MOVIMENTOS POPULARES

 

 

Para esta ARTICULAÇÃO entendemos ser necessário a criação de uma CENTRAL NACIONAL DOS MOVIMENTOS POPULARES que centralize, articule e direcione as lutas nacionais sem que as entidades, grupos ou movimentos que dela participem percam sua identidade ou autonomia em seu interior.

 

O objetivo maior é desencadear um processo de articulação em todo país entre as diversas formas de organização que a população criou para lutar no campo dos Movimentos Populares. Uma articulação que seja capaz de dirigir e representar o movimento combativo contra as políticas dos grandes grupos econômicos e sua ideologia dominante.

 

Entendemos oportuno reacender este debate, já que em 1983 a FRACAB em seu 6° Congresso aprovou por unanimidade sua integração no processo nacional de constituição da Central Nacional de Movimentos Populares, que só não foi possível porque todo o país entrou com força na campanha pelas DIRETAS, JÀ.

 

Hoje é ainda mais urgente reforçar este processo, frente a necessidade de unificação das reivindicações e das múltiplas organizações e lutas populares que foram construídas no país. Exemplo disto são as diferentes lutas específicas como o TRANSPORTE, o SOLO URBANO, os SEM-TETOS, as OCUPAÇÕES DOS PRÉDIOS DA COHAB e tantos outros. Todos estes movimentos canalizam a demanda de participação popular a partir dos seus interesses e necessidades imediatas pela mudança das políticas nacionais.

 

A partir desta realidade, uma Central Nacional dede ter como objetivo principal unificar todas estas lutas na necessidade de uma “reforma” nas políticas urbanas. Estas “reformas” estão sintetizadas num Programa de REFORMA URBANA que já foi esboçado inicialmente nas Emendas Populares para a Constituinte Nacional e que hoje estão sendo discutidas e assimiladas por uma ampla parcela dos movimentos populares.

 

Neste sentido, entendemos que a FRACAB deve se engajar neste processo nacional de discussão da Central de Movimentos Populares, promovendo um amplo debate interno, junto a suas entidades sobre as formas, objetivos e princípios da central.

 

Com aprofundamento desta política de articulação nacional defendemos que a FRACAB participe do 8° Congresso da ANAMPOS - Articulação Nacional dos Movimentos Populares e Sindicais, que reúne entidades de todo o país.

 

Com estas políticas entendemos que a FRACAB se credenciará como entidade dirigente da luta popular no RS, hegemonizando o pólo combativo deste movimento, e contribuindo para a construção do Poder Popular.

 

 

POR UM MOVIMENTO COMUNITÁRIO...

CLASSISTA,

DE MASSAS,

DEMOCRÁTICO,

AUTÔNOMO,

E COMBATIVO.

 

 

POR UM PROGRAMA DE LUTAS QUE ARTICULE AS LUTAS IMEDIATAS COM A BANDEIRA DA REFORMA URBANA, RUMO A CONSTRUÇÃO DE UMA NOVA SOCIEDADE, IGUALITÁRIA, SEM EXPLORAÇÃO.

 

SUBSCREVEM ESTAS TESES:

 

JOÃO COUTO - Vice-Presidente da FRACAB (3°) - GUAÍBA

CLAUDIO NEI DE MATTOS - Vice- Presidente da FRACAB (2°) - VIAMÃO

MAURI CRUZ – Associação dos Moradores da Vila Silva - SAPUCAIA DO SUL

MIGUEL DALLALBA- Associação dos Moradores da Vila Libertá - CAXIAS DO SUL

CEZAR BERAS - Associação Comunitária Nova Gleba - PORTO ALEGRE

VERA GASPARETTO - Associação dos Moradores do Parque Santo Inácio - ESTEIO

JOÃO BENITES -  Associação dos Moradores do Onze de Abril - ALVORADA

ATAÍDE RAMOS - Associação dos Moradores da Morada do Vale - GRAVATAÍ

JOSÉ CARLOS - Associação Comunitária da Nova Gleba- PORTO ALEGRE

NARA SILVA - Associação dos Moradores da Morada da Colina - GUAÍBA

LUCIO TRINDADE - Associação dos Moradores da Vila Caramelo- SANTA MARIA

GILSON DOS ANJOS - Associação dos Moradores da Granja Esperança - CACHOEIRINHA

LECI MATTOS - Associação dos Moradores do Campo da Tuca - PORTO ALEGRE

JANDIRA PERES - Associação dos Moradores da Vila Fátima - CACHOEIRINHA

PAULO BARCELOS - Associação dos Moradores da Nova Páscoa - PORTO ALEGRE

LUIZ FERNANDO PAVELACKI - Associação dos Moradores da Vila Tronco - PORTO ALEGRE

MARIO JORGE - União das Associações de Moradores de ALVORADA

VIRGÍLIO AURÉLIO - Associação dos Moradores da Vila Santa Rosa - PORTO ALEGRE

JOÃO NASCIMENTO - Associação dos Moradores do Bairro Amaral - SAPIRANGA

CELINO PEREIRA - Associação dos Moradores do Bairro Cohab -  CAXIAS DO SUL

REJANE SILVADO RODRIGUES - Associação dos Moradores da Vila Tronco - PORTO ALEGRE

ZULAMAR AURÉLIO - Associação dos Moradores da Vila Santa Rosa - PORTO ALEGRE

LUGON LEWANDOWSKI - Associação dos Moradores da Vila Cel. Nassuca - GUAÍBA

ADEMIR CASTRO - Associação Comunitária da Vila União – PORTO ALEGRE

JOSÉ VALDIR - Associação Comunitária da Nova Gleba – PORTO ALEGRE

SIDNEI - Associação dos Moradores da Vila Nova - PORTO ALEGRE

JOÃO ANSTÁCIO DUTRA - Associação dos Moradores do Lago Azul-

WALTER FRANCO - Associação dos Moradores da Vila Tronco - PORTO ALEGRE

VILMAR GOMES - Associação dos Moradores do bairro Oeste - SAPIRANGA

CELINA ARAÚJO - Associação dos Moradores das Vilas Operárias, Floresta e esperança - C. BOM

DENOIR JOSÉ DA SILVA - Associação dos Moradores da Vila Fátima - CACHOEIRINHA

VALDIR BOM GASS - Diretoria da UAMPA - PORTO ALEGRE

ANTÔNIO MATTOS - Associação dos Moradores do Campo da Tuca - PORTO ALEGRE

ANTÔNIO RICARDO DA SILVA - Associação dos Moradores da Nova Sapucaia - SAPUCAIA DO SUL

GILMAR RINALDT - Associação dos Moradores do Parque Santo Inácio - ESTEIO

JOÃO CARLOS PADILHA - Pres. União das Associações dos Moradores de ESTEIO

CARLOS ELI BILHÃO - Associação dos Moradores da Vila Jardim - SAPUCAIA DO SUL

MILTON MACEDO - Associação dos Moradores da Vila Libertá – CAXIAS DO SUL

ADÃO COELHO - Associação dos Moradores da Vila Pasqualini - SAPUCAIA DO SUL

NORMÉLIA CRONHAL- Associação dos Moradores dos Blocos da Cohab - SAPUCAIA DO SUL

ADAIR ROCHA - Associação dos Moradores dos Blocos da Cohab - SAPUCAIA DO SUL

ORACI CHITOLINA - Associação dos Moradores do Parque Santo Inácio - ESTEIO

NILTON FRAGOSO - Associação dos Moradores da Vila Jardim - SAPUCAIA

IRIA CHARÃO - Militante do Movimento Popular - PORTO ALEGRE

IVAN SANTOS - Militante do Movimento Popular - CAXIAS DO SUL

MIGUEL CASTILHOS - Associação dos Moradores da Cohab - CAXIAS DO SUL

BERNARDETE CONZEN - Militante do Movimento Popular - SAPUCAIA DO SUL

AUGUSTINHO SOBESIK - Militante do Movimento Popular - ESTEIO

VERÍSSIMO SOARES - Militante do Movimento Popular - ESTEIO

CLAITON JOSÉ CHAVES - Militante do Movimento Comunitário - ESTEIO

SILVIO LUIZ RENNER FOGAÇA - Militante do Movimento Popular – ESTEIO

MÁRIO CESAR JOBIM SOARES - Militante do Movimento popular - ESTEIO

ANA MARIA CUSTÓDIO - Militante do Movimento Comunitário - ESTEIO

TERESINHA MARIA CUSTÓDIO - Militante do Movimento Comunitário - ESTEIO

LUIS FERNANDO TAVARES - Militante do Movimento Popular - ESTEIO

PAULO CHITOLINA - Associação dos Moradores do Parque Santo Inácio - ESTEIO

SANDRA MESQUITA SOARES - Militante do Movimento Popular - ESTEIO

MARCIA REGINA CHITOLINA - Militante do Movimento Popular - ESTEIO

 

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